Manifesto Ágil, contribuições e evoluções sobre o modelo mental da agilidade

Manifesto-Ágil

A primeira coisa que temos que desmistificar é a afirmação que tenho ouvido com frequência de que as empresas ágeis só passaram a existir depois do Manifesto Ágil para Desenvolvimento de Software.

Posso afirmar, com estudos, conteúdos e consultorias da Surya e da ABO Academy que isso é uma grande miopia e desconhecimento da evolução da gestão empresarial.

Sabe o por quê? Apresento alguns debates importantes sobre o assunto no texto a seguir.

O que está por trás da discussão da Agilidade de Negócios

Ao pesquisar sobre estratégia e teorias gerais de administração, você facilmente chegará à mesma conclusão: as empresas sempre perseguiram e criaram modelos com o objetivo de serem mais ágeis.

Em especial, para responder aos desafios enfrentados durante todos os ciclos de inovação que vivemos até hoje como sociedade.

O mais interessante é que diversos dos escritores do próprio Manifesto Ágil, como Jim Highsmith, reconhecem que ser ágil significa ser capaz de “Entregar rapidamente, Mudar rapidamente e Mudar frequentemente”. 

O que destaco aqui são entrega e mudança que não se limitam a entrega de software, embora sabemos que o manifesto foi escrito sob essa perspectiva.

Mas novamente, a afirmação de Highsmith vale para qualquer indústria, para qualquer tipo de produto ou serviço e até mesmo para qualquer área de uma organização. 

E mais um ponto importante: essa definição resume um desejo remanescente daqueles que lideraram empresas muito antes de existir computador.

Afinal o que trouxe de novo o Manifesto Ágil em 2001?

Segundo Alistair Cockburn e Jim Highsmith, dois dos 17 responsáveis do Manifesto Ágil, “o que há de novo em relação aos métodos ágeis não são as práticas que utilizam, mas seu reconhecimento das pessoas como os principais motores do sucesso do projeto, juntamente com um foco intenso em eficácia e maleabilidade. Isso produz uma nova combinação de valores e princípios que definem uma visão ágil do mundo”.

O documento foi escrito por profissionais de tecnologia representando grandes empresas mundiais. Porém, o que está por trás dele, como é possível perceber pelas falas de quem o escreveu, vai um pouco mais longe do que apenas melhorar o desenvolvimento e entrega de software.

Quando voltamos no tempo até o início da década de 1990 percebemos que os métodos de desenvolvimento de software precisavam se reinventar. 

Por que? Sobretudo para dar uma resposta à ávida comunidade empresarial que queria rapidez para aproveitar uma oportunidade emergente para acelerar seus modelos de negócio. 

Esse movimento foi provocado pela promessa de avanço da internet comercial, o que se comprovou e chancelou esse período como o início da Economia Digital, sendo inclusive o título da obra de Don Tapscott, que serve até hoje para descrever as principais características dessa nova economia que hoje faz parte de nossas vidas.

A síntese do modelo mental ágil e avanços no debate

Passados 15 anos do lançamento do Manifesto Ágil, Alistair Cockburn apresentou ao mundo em 2016 o “Coração do Ágil” (Heart of Agile, em inglês) que traz uma síntese de como seria esse modelo mental mais ágil. 

Cockburn apontou que o Coração do Ágil não é um framework ou um modelo, são apenas 4 palavras: 

  • Colabore;
  • Entregue;
  • Reflita;
  • Melhore.

Sim, simples assim! E na visão dele, é o suficiente para cobrir a complexidade de um contexto de negócios.

Se você se interessa pelo tema e quer se aprofundar, sugiro ver este vídeo:

Avançando o nosso debate, é fácil encontrar definições formais sobre as palavras “ágil” e “agilidade” como mover-se com facilidade, ligeiro, veloz e ter a prontidão para o movimento. 

No contexto de negócios, uma das primeiras definições foi trazida pelo Instituto Iacocca da Universidade de Lehigh que estabeleceu, entre 1991 e 1992, uma definição de agilidade como “a capacidade de prosperar de forma imprevisível em um ambiente em mudança”.

Uma perspectiva de futuro possível

A área de negócios e de tecnologia avançam muito rápido e cada vez mais fundidas.

Tecnologia deixou de ser apenas um recurso para informatizar e digitalizar processos dentro das organizações para ser o core business de empresas, não apenas as nativas digitais, mas as que buscam se reinventar. 

Essa Nova Economia Digital também trouxe mudanças no comportamento dos clientes que têm se tornado cada vez mais incapazes de declarar suas necessidades de forma definitiva. Ao mesmo tempo, que esperam mais das empresas que escolhem para se relacionar.

Mesmo que a consolidação do que significa uma “Empresa Ágil” seja lenta, dispersa ou até inexistente, o que mais provavelmente acontecerá daqui para frente é que os líderes de negócio selecionarão e aplicarão as práticas de gestão mais benéficas para os seus negócios, independente do nome batizado por palestrantes, consultorias ou institutos mundo afora.

O que de fato alguns gestores devem perseguir é que além de responder às mudanças, devem antecipar movimentos e desenvolver diferenciais competitivos para suas empresas. 

Esses líderes se inspiram com certeza no movimento trazido pelo Manifesto Ágil, uma vez que esse provou que há muito a ganhar ao seguir os valores e princípios propostos.

Co-Fundador da ABO Academy, sócio e head de Consultoria na  SURYA | Business Agility Getting Real (2001), uma empresa de consultoria e educação executiva, referência em Agilidade de Negócios no Brasil, que desenvolve programas de aceleração de resultados baseados nas abordagens Lean, Ágil e Exponencial (ExO).

Formado em Publicidade e Propaganda, especialista em Marketing Estratégico e Mestrando em Ciência da Computação, atua como palestrante, mentor e consultor em projetos de agilidade de negócios e transformação digital de empresas.

Sou um incentivador, estudioso e disseminador dos princípios e valores presentes no papel do Agile Business Owner. Um modelo de liderança para a nova economia digital, que unifica o que há de melhor dos pensamentos Lean, Ágil e Exponencial e torna líderes de negócio agentes inspiradores e catalisadores de mudanças organizacionais.

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