Reflexão sobre a insatisfação com a TI: Uma análise necessária

Em um painel realizado na Febraban Tech, Sérgio Palma da Justa Medeiros, Consultor de TI da Caixa, fez algumas afirmações impactantes sobre a área de TI, incluindo a expressão “baboseiras da TI”, “o negócio aprendeu IA e não precisa mais da TI” e “Scrumaster é um inútil”. Essas declarações causaram alvoroço na comunidade ágil e entre profissionais de TI.

Reconheço que essas críticas são contundentes e não representam a totalidade dos profissionais de TI. No entanto, a insatisfação com a área de TI não é uma novidade e não é exclusiva do senhor Sérgio Medeiros. Vivemos uma era de grandes mudanças, onde as inovações tecnológicas são vistas tanto como ameaças quanto como oportunidades sedutoras para líderes de negócios que buscam prosperar em um ambiente volátil.

Se olharmos para o passado, vemos um comportamento semelhante na metade dos anos 1990, com a popularização da internet. Naquela época, muitas empresas viram na internet uma oportunidade para expandir seus negócios globalmente. Porém, a internet era uma tecnologia dominada por poucos, e a responsabilidade de guiar as empresas nessa nova jornada recaiu sobre os profissionais de tecnologia. A tecnologia começou a dividir o protagonismo com as áreas comerciais nas ações estratégicas das organizações, como expansão, vendas e comunicação.

Hoje, a Inteligência Artificial substituiu a internet como a tecnologia central. Executivos agora buscam entender e dominar a IA para gerar valor para seus negócios rapidamente. O conflito entre o negócio e a TI continua, focado no tempo necessário para gerar valor. Em 2001, o Manifesto Ágil para desenvolvimento de software surgiu como uma resposta a essas tensões, prometendo produtos de software mais personalizados e com ciclos de vida curtos (Escrevi um texto sobre as contribuições do manifesto aqui). Embora tenha funcionado por um tempo, a fala de Sérgio Medeiros destaca uma nova realidade: “o negócio aprendeu IA e não precisa mais da TI”. Isso sugere que executivos estão aprendendo tecnologia e percebendo que podem evitar a terceirização para a TI.

A reflexão aqui não é sobre a forma como Sérgio fez suas declarações ou se ele está certo ou errado. O ponto crucial é que a geração atual de executivos está se tornando mais independente tecnologicamente, reduzindo a necessidade de suporte tradicional de TI. Assim como configuramos nossas próprias impressoras no passado para não depender do suporte técnico, agora vemos profissionais de TI sendo desafiados pela própria tecnologia que ajudaram a criar.

Para concluir, cito a definição de agilidade do Instituto Iacocca da Universidade de Lehigh: “a capacidade de prosperar de forma imprevisível em um ambiente em mudança”. Seja configurando uma impressora, criando um e-commerce ou desenvolvendo soluções com IA, o objetivo é estar sempre um passo à frente e se tornar, o mais rápido possível, o profissional que irá substituir você no futuro.

Veja aqui o trecho da fala do Sérgio, mas recomendo assistir o painel completo, ta muito bom!

Co-Fundador da ABO Academy, sócio e head de Consultoria na  SURYA | Business Agility Getting Real (2001), uma empresa de consultoria e educação executiva, referência em Agilidade de Negócios no Brasil, que desenvolve programas de aceleração de resultados baseados nas abordagens Lean, Ágil e Exponencial (ExO).

Formado em Publicidade e Propaganda, especialista em Marketing Estratégico e Mestrando em Ciência da Computação, atua como palestrante, mentor e consultor em projetos de agilidade de negócios e transformação digital de empresas.

Sou um incentivador, estudioso e disseminador dos princípios e valores presentes no papel do Agile Business Owner. Um modelo de liderança para a nova economia digital, que unifica o que há de melhor dos pensamentos Lean, Ágil e Exponencial e torna líderes de negócio agentes inspiradores e catalisadores de mudanças organizacionais.

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