Nova economia digital: que tipo de jogo é esse?

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Você sabe jogar o jogo que colocou empresas como Tencet, Alibaba, Didi, Xiaomi – representantes da China – entre as empresas mais inovadoras do mundo diante da nova economia digital?

Modelo ocidental ainda quer ser determinístico

Mesmo com as recentes sanções e tentativas de controle dos titãs chineses manifestados pelos EUA, Europa e até mesmo pelo líder do Partido Comunista, Xi Jinping, a economia chinesa segue sendo impulsionada por suas próprias inovações, indo muito além de outras potências estrangeiras com movimentos inconstantes.

Refletindo sobre o que tem atraído a atenção do mundo para o mercado da China, passei a perceber que nós, ocidentais, miramos em outra direção, esperando pela inovação, sem talvez cultivá-la ou até mesmo incentivá-la.

Aqui no Ocidente, os modelos, métodos, processos e ferramentas são discutidos antes mesmo de mapearmos quais resultados desejamos atingir. Uma pergunta típica ocidental é: “Qual modelo vamos seguir para crescer, igualando-se ou superando os resultados empresa X ou a Y?” A tentativa é sempre de repetir modelos de sucesso já consagrados, como os cases de Spotfy, Amazon, Alibaba entre outras. Principalmente nós, brasileiros, adoramos escrever um case com a receita pronta do sucesso.

Traçando o paralelo com a China, os relatos apontam empreendedores que aprenderam a crescer muito rápido por estarem em um ambiente brutalmente competitivo. Um país com mais de 1,4 bilhões de pessoas se torna um mercado com muitas oportunidades, mas para se destacar é preciso ir além dos padrões. Não existe um case que seja capaz de ensinar uma receita vencedora.

Ensinamentos chineses para definir características de empresas inovadoras

Algumas das empresas chinesas de maior destaque no mundo possuem, ao menos, 3 características que parecem ser o combustível para o sucesso para a nova economia digital:

  1. Ousadia – estão dispostas a buscar oportunidades além de seu core. Empreendedores chineses focam em aprimorar seus modelos de negócio a todo instante, não seguem modelos, pelo contrário, querem superar e quebrar padrões. E os chineses não apenas observam tendências, eles as transformam em produtos e serviços muito rapidamente, antecipando o futuro. Basta observar o movimento do governo chinês com os testes de uma Criptomoeda oficial, o Yuan Digital.
  2. Escala – Os mais bem-sucedidos empresários chineses, compreendem o valor da exponencialidade para o seu negócio. Uma vez que, para abocanhar uma fatia significativa apenas do mercado local, é preciso ter capacidade de escalar. Afinal, o país tem quase 1,5 bilhão de clientes em potencial.
  3. Perpetuidade – criar um ciclo de sucesso perpétuo. Os chineses investem pesado para manter seus negócios na vanguarda, principalmente antecipando as revoluções tecnológicas. Ter um negócio longevo é olhar além do que se é capaz de fazer hoje.

Precisamos aprender a ler o jogo

Diante disso, é imperativo dizer que vivemos em um ambiente global de mudanças aceleradas. Um contexto, em que empreendedores (líderes de empresas) devem aprender a evoluir depressa. Precisamos compreender que quando tomamos uma decisão e as coisas dão errado, não temos o direito de culpar “a má sorte”, ferramentas, o mercado e o universo. Isso limita a capacidade de aprender, uma vez que fazendo isso, na verdade pretendemos nos livrar da culpa.

Portando, enquanto empresários chineses realmente se reinventam, quebram paradigmas, o Mundo Ocidental parece seguir na busca do método vencedor para iniciar a mudança. Nesta busca pelos melhores procedimentos, o esforço passa a ser “seguir os procedimentos” e “cumprir os rituais” com pouca atenção (para não dizer zero) com os resultados do negócio. Um líder de negócio deve ser especialista no negócio e não nos métodos.

No papel de agentes transformadores, é nosso dever alertar outros líderes de que não estamos em um estilo de jogo em que, entre uma jogada e outra, cada jogador tem seu tempo para pensar, olhar todas as peças e fazer o seu movimento baseado na ação do adversário. O mundo, marcado pela economia digital, está acelerado ao ponto de que todas as jogadas ocorrem simultaneamente.

Tomamos decisões sem todos os fatos, isso é fato!

Ainda dentro da metáfora de jogos, o mundo dos negócios é mais semelhante a uma partida de poker do que a tradicional analogia ao xadrez. Essa comparação é defendida no livro Thinking in Bets: Making Smarter Decisions When You Don’t Have All The Facts, da ex-jogadora profissional Annie Duke: “O xadrez, com toda a sua complexidade estratégica, não é um grande modelo para a tomada de decisões na vida, onde a maioria de nossas decisões envolvem informações ocultas…”

Logo, enquanto muitos dos nossos líderes empresariais acreditarem que o contexto atual da nova economia digital é uma partida de xadrez, veremos mais e mais empresas chinesas, e de outras partes do mundo também, dando as cartas no mercado global.

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Co-Fundador da ABO Academy, sócio e head de Consultoria na  SURYA | Business Agility Getting Real (2001), uma empresa de consultoria e educação executiva, referência em Agilidade de Negócios no Brasil, que desenvolve programas de aceleração de resultados baseados nas abordagens Lean, Ágil e Exponencial (ExO).

Formado em Publicidade e Propaganda, especialista em Marketing Estratégico e Mestrando em Ciência da Computação, atua como palestrante, mentor e consultor em projetos de agilidade de negócios e transformação digital de empresas.

Sou um incentivador, estudioso e disseminador dos princípios e valores presentes no papel do Agile Business Owner. Um modelo de liderança para a nova economia digital, que unifica o que há de melhor dos pensamentos Lean, Ágil e Exponencial e torna líderes de negócio agentes inspiradores e catalisadores de mudanças organizacionais.

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