Os avanços da tecnologia e transformações organizacionais

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Estive presente e presenciei debates sobre os avanços da tecnologia dentro do sistema financeiro na Conferência Anual do Banco Central do Brasil.

Assim, percebi os avanços da tecnologia vistos como recurso para que as pessoas possam ter uma experiência melhor e mais segura na hora de utilizar o sistema financeiro. 

Seja nas tarefas do cotidiano, como pagar pelo almoço ou com transações mais complexas, como comprar um imóvel. O ponto é que a tecnologia vem transformando o contexto econômico e financeiro há anos.

O que impulsiona os avanços da tecnologia?

Essa pergunta é o insight e ponto de partida deste texto! Quando paramos para refletir, a história da humanidade nos mostra que a tecnologia é uma resposta para que os seres humanos aprimorem suas capacidades. 

Logo, todos nós seres humanos sonhamos em fazer coisas, que muitas vezes, nosso corpo ou mente não são capazes de executar sozinhos.

Exemplos não faltam, como o simples fato de fazer cálculos matemáticos com extrema rapidez e assertividade. Assim, surgiu uma tecnologia chamada “calculadora”.

Outro exemplo é a necessidade de locomoção, que por muitos anos fomos desenvolvendo novas tecnologias para realizar essa atividade. 

Primeiro, domamos os animais, como os cavalos, depois criamos carroças, carros e por aí vai. Até aviões e sabe se lá o que mais vem por aí!

Esse último exemplo já traz uma pista de que as grandes inovações e os avanços da tecnologia são motivadas a partir de 3 características humanas.

Somos seres migratórios

Quando não existia a tecnologia que dava ao ser humano a capacidade de cultivar ou caçar, os seres humanos eram coletores e consumiam aquilo que a natureza lhes oferecia.

Por isso, estavam sempre em busca de novos lugares, não havia ainda a capacidade de construir suas próprias casas e viviam em cavernas. 

Até que em certo momento da história algumas tecnologias foram descobertas e aprimoradas, proporcionando ao homem caçar, cultivar e construir sua casa. Mas esse instinto migratório seguiu, porque os seres humanos são curiosos e querem explorar ao máximo o ambiente que estão inseridos. 

Coloque na conta dessa característica migratória o desenvolvimento de tecnologias que permitiram aos seres humanos navegarem pelos mares e descobrirem outros continentes, desenvolverem veículos capazes de nos transportarem com rapidez e segurança.

Somos seres curiosos

Então, a curiosidade é algo que nos torna exploradores. E essa exploração nos fez ao mesmo tempo querer aprender mais sobre quem somos, da onde viemos e onde estamos. 

Sabemos que são as perguntas que realmente movem o mundo e puxam a evolução tecnológica. Novas necessidades são reveladas a partir do desejo de expandir conhecimento. O contexto de pesquisa se desenvolveu e hoje nos dá respostas para perguntas do nosso cotidiano, como da onde vem a luz que ilumina nossas casas, por exemplo. 

Essa característica também nos leva a lugares desconhecidos dentro e fora do planeta, a indústria criada pela corrida espacial e o seu reflexo na nossa sociedade. Porém, essa exploração também nos leva a conflitos, sejam eles éticos, ideológicos ou territoriais.

Somos seres com conflitos sociais

Nos levando ao 3º ponto de impulso para o avanço tecnológico, os conflitos sociais. O conflito social é uma característica animal. Nas selvas o embate tem por objetivo disputa de território, controle de um grupo ou até mesmo por uma fêmea. 

Algo até similar em muitos seres humanos. Porém foram as guerras que fizeram com que muitas tecnologias, que estão no nosso dia a dia até hoje, surgissem. Trago alguns exemplos aqui como os computadores, wi-fi, microondas, cabines pressurizadas (que nos permitem viajar em altitudes elevadas) e câmeras digitais. 

No mundo dos negócios podemos dizer que a concorrência gera uma espécie de conflito, batalha e disputa por mercado, consumidores e talentos. O que faz com que empresas aprimorem aquilo que acreditam ser valor para cada alvo.

Conexão entre Gestão, Liderança e Estratégia de Negócios

Primeiro ponto que posso dizer é: quando bem interpretadas essas 3 características, percebemos que inovações surgem em grande escala, pois são comuns a qualquer lugar no mundo. 

Um exemplo disso é o modelo adotado pelo Vale do Silício que incuba ideias capazes de resolver problemas em escala global. 

Logo, os Estados Unidos criaram um modelo de escala de negócios que ganhou até nome de ser mitológico: Unicórnio. 

Por outro lado, a grande diferença do que percebemos no Brasil, é que geramos empreendimentos com base na dor local e depois tentamos, por meio de um esforço enorme, levar essa solução para outros mercados, seja nacional ou internacional. 

Talvez seja essa a razão por estarmos atrasados, tecnologicamente, em muitos setores da indústria.

Segundo ponto, temos que compreender que nossa percepção com relação a essas 3 características são diferentes. Por isso, formamos ideias com base nos nossos vieses cognitivos. 

Um exemplo claro disso é a célebre frase atribuída a Henry Ford: “se perguntarmos para as pessoas o que elas querem, a maioria dirá cavalos mais rápidos”. 

Esses vieses se tornam ainda mais complexos se levarmos em conta 3 espectros de inteligência: a individual, a coletiva e agora a artificial. Concluindo esse aspecto, quanto mais sofisticada a evolução tecnológica e mais íntima nossa relação com ela, mais exigente ficamos. 

Porém, às vezes esquecemos de tornar o acesso e adoção de uma nova tecnologia simples e democrático. 

Podemos ter em mente os exemplos do ChatGPT e Metaverso. Enquanto um melhorou o que há de mais simples hoje, escrever textos no caso do ChatGPT, o Metaverso tentou “forçar” uma nova forma de ver e estar no mundo.

Compreensão de papéis e responsabilidades

Terceiro ponto é compreender, dentro dessas 3 características e suas inovações, decorrentes delas, papéis e responsabilidades de cada um. 

Na sociedade de inovação teremos sempre os inovadores, os financiadores, os reguladores e os promotores e os utilizadores. 

Assim, cada um tem seu papel claro e devemos entender que haverá casos que estaremos atuando em um ou outro, talvez em algumas situações ocuparemos mais de um lugar. 

Ponto de atenção aqui é que sempre teremos o papel de regulador exercido pelo Estado. Exemplo disso é o Banco Central do Brasil que exerce um papel de destaque como agente regulador, por ser inovador e capaz de antecipar inovações. 

E não é uma opinião minha, o Brasil é reconhecido internacionalmente por seu histórico inovador no sistema financeiro.

Recentemente, o BC não tem apenas atuado como controlador ou agente regulador. Mas sim sendo protagonista em abrir caminhos para inovações que atendam aos interesses da sociedade e tragam valor real para toda a população, respeitando a simplicidade, acessibilidade e democracia.

Reflexões finais

Como seres migratórios, temos uma história de movimento e exploração, resultando em trocas culturais e econômicas entre diferentes regiões e povos. 

Na gestão de negócios, esse aspecto pode ser aproveitado ao estabelecer colaborações globais e adaptar-se às necessidades de mercados diversificados.

A curiosidade inata nos impulsiona a busca pelo conhecimento e inovação. Assim, na gestão de negócios, incentivar a curiosidade entre os colaboradores pode levar a soluções criativas, desenvolvimento de produtos aprimorados e uma cultura de aprendizado contínuo.

Os conflitos sociais, embora desafiadores, também são catalisadores do avanço tecnológico. As necessidades resultantes dos conflitos frequentemente levam a soluções inovadoras e ao desenvolvimento de tecnologias para superar problemas complexos. 

Logo, as empresas podem se beneficiar de um tipo específico de conflito: o de ideias. O autor Patrick Lencioni fala desse tema em seus livros. Assim, no livro “As 5 tentações de um CEO”, ele comenta que é uma tentação buscar a harmonia ao invés de aceitar o conflito de ideias. E no livro “As 5 disfunções de um time”, o autor fala que o medo do conflito pode ser o grande responsável pelo baixo desempenho dos times.

Em suma, a compreensão e incorporação das características humanas de seres migratórios, seres curiosos e seres com conflitos sociais na gestão de negócios podem fornecer insights e caminhos valiosos para a inovação, adaptabilidade e crescimento em um mundo cada vez mais tecnológico e globalizado. 

Ao valorizar essas características, as empresas podem se tornar mais resilientes e bem-sucedidas em um ambiente de negócios em constante mudança.

Co-Fundador da ABO Academy, sócio e head de Consultoria na  SURYA | Business Agility Getting Real (2001), uma empresa de consultoria e educação executiva, referência em Agilidade de Negócios no Brasil, que desenvolve programas de aceleração de resultados baseados nas abordagens Lean, Ágil e Exponencial (ExO).

Formado em Publicidade e Propaganda, especialista em Marketing Estratégico e Mestrando em Ciência da Computação, atua como palestrante, mentor e consultor em projetos de agilidade de negócios e transformação digital de empresas.

Sou um incentivador, estudioso e disseminador dos princípios e valores presentes no papel do Agile Business Owner. Um modelo de liderança para a nova economia digital, que unifica o que há de melhor dos pensamentos Lean, Ágil e Exponencial e torna líderes de negócio agentes inspiradores e catalisadores de mudanças organizacionais.

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