MODELO DE GESTÃO EVOLUCIONÁRIA
Eixo Prático de Descoberta de Valor
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"Descobrir valor é colocar o negócio em estado de consciência estratégica, transformando
dados, percepções e aprendizados em oportunidades de crescimento sustentável."
Introdução
A Descoberta de Valor é o eixo responsável por despertar a consciência organizacional sobre o que realmente importa para o crescimento do negócio. Ela é o motor reflexivo da Gestão Evolucionária, permitindo interpretar o ambiente, reconhecer mudanças de contexto, antecipar riscos e identificar oportunidades com base em dados, percepções e aprendizados contínuos.
Esse eixo representa a inteligência estratégica da organização — é nele que se estruturam as intenções futuras, alinhando propósito, visão e direcionamento. A partir dessa clareza, torna-se possível definir uma estratégia coerente com a realidade atual e com a aspiração de futuro, sustentando um ciclo permanente de evolução.
Mais do que uma etapa do planejamento, a descoberta de valor é uma prática organizacional que integra governança, estratégia e portfólio em um processo contínuo de análise, formulação, decisão e aprendizado. É nesse eixo que o negócio se reconhece como agente da sua própria transformação.
Premissas e Práticas da Descoberta de Valor
5ª Premissa da Gestão Evolucionária:
A gestão estratégica deve estimular a evolução organizacional com um ciclo de descoberta de valor do negócio.
Práticas de Gestão Relacionadas:
- Operar o ciclo Concepção → Design → Implementação → Entrega.
- Integrar governança e portfólio em fóruns/artefatos únicos (agenda e critérios).
- Estruturar programas com base em direcionadores e capacidades organizacionais.
- Traduzir propósito/visão em objetivos mensuráveis com cadências e responsáveis.
- Gerir valor nas dimensões real, potencial e transcendental com indicadores e metas.
A evolução organizacional não acontece por acaso — ela exige um sistema disciplinado de gestão que estimule a descoberta contínua de valor. É essa a função essencial da Gestão Estratégica: articular a Governança Corporativa e a Gestão do Portfólio de programas estratégicos em um ciclo dinâmico que conecta propósito, estratégia e execução.
Esse ciclo de descoberta é composto por quatro etapas interdependentes:
- Concepção: define os direcionadores estratégicos que orientam a organização em direção ao seu propósito e aos seus objetivos de longo prazo.
- Design: estrutura as relações causais entre os elementos estratégicos, conectando ações, recursos, capacidades, resultados e propósito de forma coerente.
- Implementação: organiza os programas e iniciativas estratégicas, garantindo sua execução coordenada com base na visão e prioridades definidas.
- Entrega: avalia os resultados alcançados, promovendo ajustes com base em feedbacks, dados e aprendizados organizacionais.
Essas quatro etapas operam de forma cíclica e adaptativa, em múltiplos horizontes temporais — longo (plurianual), médio (anual) e curto prazo (trimestral) — sustentando a capacidade da organização de aprender, se adaptar e inovar continuamente.
Ao integrar governança e portfólio, a Gestão Estratégica amplia sua atuação para além do planejamento tradicional. Enquanto a Governança define o propósito, os princípios e os direcionadores de longo prazo, o Portfólio assegura a execução coordenada das iniciativas estratégicas, alinhadas à realidade do ecossistema organizacional.
Esse ciclo de descoberta de valor promove a construção de capacidades organizacionais mais resilientes e inovadoras, essenciais para manter a relevância e gerar impacto em contextos complexos e mutáveis. Ele se apoia na compreensão das três dimensões do valor que orientam a atuação da organização:
- Valor Transcendental: o impacto positivo que conecta a organização ao seu propósito e contribui para a evolução de todo o ecossistema.
- Valor Real: os resultados tangíveis gerados para as partes interessadas, como consequência direta da atuação da organização.
- Valor Potencial: as capacidades organizacionais habilitadas por produtos, serviços e operações, que tornam possível a entrega de valor real de forma contínua e sustentável.
Essa é a base do eixo Descoberta de Valor do Negócio, responsável por transformar a estratégia em um processo vivo de aprendizado, inovação e evolução organizacional.

6ª Premissa da Gestão Evolucionária:
A governança corporativa deve direcionar a estratégia e avaliar o valor entregue às partes interessadas.
Práticas de Gestão Relacionadas:
- Definir princípios, direcionadores e apetite a risco.
- Aprovar objetivos e programas estratégicos e as regras de decisão (critérios/limiares).
- Estabelecer calendário-mestre de planejamento e revisões estratégicas.
- Avaliar valor entregue às partes interessadas por indicadores e auditorias quando aplicável.
- Assegurar integridade, equidade, transparência, responsabilidade e sustentabilidade via políticas/controles.
A Governança Corporativa é o alicerce sobre o qual se sustenta a evolução organizacional. Ela define os princípios, estruturas e processos que garantem o direcionamento estratégico da organização e a avaliação contínua do valor gerado para todas as partes interessadas.
De acordo com o Código das Melhores Práticas de Governança Corporativa do IBGC (6ª ed., 2023), governança não é apenas sobre controle — é sobre garantir a sustentabilidade do negócio por meio de decisões alinhadas à integridade, transparência, equidade, responsabilidade e impacto socioambiental. Esses princípios orientam o comportamento dos agentes de governança (sócios, conselheiros, diretores, auditores e comitês), assegurando que suas decisões promovam o equilíbrio entre os interesses do negócio e de seu ecossistema.
Na Gestão Evolucionária, a governança tem papel estratégico: é ela quem define o propósito organizacional, os direcionadores estratégicos e os princípios que guiam a gestão. Além disso, cabe à governança aprovar os programas estratégicos, acompanhar sua execução e garantir que a organização esteja cumprindo sua função no mundo — não apenas gerando lucro, mas entregando valor real, potencial e transcendental para clientes, colaboradores, investidores, parceiros, sociedade e meio ambiente.
Ao mesmo tempo, a governança deve assegurar que o sistema de gestão esteja estruturado com cadências definidas, papéis claros e processos coerentes, promovendo coerência entre o discurso institucional e as decisões de investimento e priorização. Isso significa avaliar não só indicadores financeiros, mas também métricas de impacto, satisfação, reputação e engajamento.
Por isso, a Governança Corporativa não é um obstáculo à Agilidade de Negócios — ela é sua guardiã. Quando atua de forma consciente e comprometida com o futuro do negócio, a governança torna-se catalisadora da Business Agility, garantindo que as iniciativas estratégicas estejam alinhadas ao propósito e gerem impacto sustentável.

7ª Premissa da Gestão Evolucionária:
O planejamento estratégico deve estruturar os direcionadores e comunicar o estado futuro desejado da organização.
Práticas de Gestão Relacionadas:
- Diagnosticar contexto e desempenho (interno/externo) com evidências.
- Definir estado futuro desejado e critérios de sucesso (outcomes).
- Avaliar riscos e cenários e desenhar a estratégia de mudança priorizada.
- Mapear relações causais (ações → recursos → capacidades → resultados → propósito) e macro-objetivos.
- Alinhar/planejar com o portfólio e comunicar o plano de forma clara e mobilizadora.
O planejamento estratégico, na Gestão Evolucionária, é o processo que estrutura os direcionadores definidos pela Governança e torna explícito o estado futuro desejado da organização — ao mesmo tempo em que desenha o caminho para sair do presente e chegar a esse futuro. Ele não se limita a metas; orquestra propósito, resultados esperados (outcomes), capacidades organizacionais e recursos habilitadores, para que a estratégia seja exequível e mobilizadora.
Para isso, o planejamento parte de um diagnóstico baseado em evidências (interno e externo), explicita critérios de sucesso e riscos/cenários, e mapeia as relações causais entre ações → recursos → capacidades → resultados → propósito. Esse mapa causal se desdobra em macro-objetivos e direcionadores claros, tratados em horizontes complementares (curto, médio e longo prazos) e revisados em ciclos iterativos de análise, design e decisão.
O resultado do planejamento não é apenas um documento: é uma narrativa estratégica clara e mobilizadora, que alinha e prioriza iniciativas e ancora o portfólio de programas. Ela define responsáveis, cadências e critérios de priorização, conecta objetivos a indicadores e viabiliza a comunicação do plano para toda a organização e demais partes interessadas.
Por fim, o planejamento estratégico é um processo contínuo e colaborativo: vive em cadências de revisão, aprende com evidências e ajusta rumos conforme o contexto e o valor entregue. Dessa forma, ele fecha o circuito da Descoberta de Valor ao traduzir intenção em direção concreta — e abre o ciclo seguinte ao fornecer insumos claros para o portfólio e para a Entrega de Valor.

8ª Premissa da Gestão Evolucionária:
A gestão do portfólio deve implementar a estratégia em programas e monitorar a execução pela geração de valor do negócio.
Práticas de Gestão Relacionadas:
- Estruturar a estratégia em programas interfuncionais com objetivos e benefícios claros.
- Priorizar e limitar o WIP do portfólio com critérios de valor, risco e capacidade.
- Alocar/realocar recursos dinamicamente conforme desempenho e prioridades.
- Monitorar benefícios, capacidades habilitadas e outcomes por programa.
- Revisar o portfólio periodicamente (start/stop/continue/pivot) e descontinuar o que não gera valor.
A gestão do portfólio é o elo operativo entre o planejamento e a execução: traduz os direcionadores estratégicos em programas interfuncionais, com objetivos e benefícios claros, orientados à geração de capacidades e à entrega de valor real para o ecossistema. Mais que agrupar projetos, um programa é uma plataforma de transformação coordenada, conduzida por líderes responsáveis por integrar áreas, remover barreiras e sustentar a coerência com a estratégia.
Na prática, isso significa estruturar a estratégia em programas que atacam problemas e oportunidades de negócio de forma sistêmica, evitando a fragmentação de iniciativas e a dispersão de foco. O portfólio prioriza e limita o trabalho em progresso (WIP) com base em valor, risco e capacidade, e aloca/realoca recursos dinamicamente conforme evidências de desempenho, maturidade e contexto — garantindo velocidade sem perder a direção.
Monitorar a execução vai além de acompanhar entregas (outputs): requer mensurar benefícios e outcomes, bem como capacidades habilitadas por programa (valor potencial). Essa visão de fim a fim permite ajustes rápidos (start/stop/continue/pivot), elimina desperdícios e mantém o portfólio vivo e adaptativo. Cadências formais de revisão dão transparência às decisões e fortalecem o aprendizado organizacional.
Alinhada a princípios de Lean Portfolio Management, essa abordagem assegura coerência, foco e geração de valor mensurável ao longo da execução. Na Gestão Evolucionária, o portfólio fecha o ciclo da Descoberta (trazendo a estratégia para o nível de programas) e abre o ciclo da Entrega (viabilizando a execução ambidestra), sustentando a evolução contínua do negócio com impacto para todas as partes interessadas.

9ª Premissa da Gestão Evolucionária:
A revisão estratégica deve avaliar continuamente o desempenho da execução e a eficácia da estratégia.
Práticas de Gestão Relacionadas:
- Definir cadências de revisão (mensal/trimestral/anual) com escopos distintos.
- Avaliar efetividade da estratégia (teoria causal) versus resultados alcançados.
- Diagnosticar desvios e decidir reforçar, ajustar ou pivotar.
- Comunicar resultados e aprendizados a stakeholders com transparência.
- Atualizar direcionadores, objetivos e portfólio conforme decisões registradas.
A revisão estratégica é o mecanismo de aprendizagem que fecha um ciclo e abre o seguinte. Ela confronta a teoria causal da estratégia (ações → recursos → capacidades → resultados → propósito) com os resultados efetivamente alcançados — em valor real, potencial e transcendental — para decidir o que reforçar, ajustar, pivotar ou encerrar. Sem esse rito, planejamento e execução se desconectam e o portfólio perde coerência.
Para manter foco e cadência, a revisão ocorre em três ritmos complementares com escopos distintos: mensal, voltada à evolução dos programas e à qualidade da execução; trimestral, dedicada à eficácia da estratégia e ao alinhamento entre capacidades habilitadas e outcomes; e anual, orientada à evolução do negócio e à renovação dos direcionadores. Cada ciclo deve partir de evidências confiáveis, métricas claras e análises que combinem dados quantitativos e julgamentos qualitativos.
Transparência fecha o circuito: resultados, decisões e aprendizados precisam ser comunicados aos stakeholders e registrados como trilha de governança. As conclusões das revisões devem atualizar direcionadores, objetivos e o portfólio, garantindo que a organização aprenda rápido, realoque recursos com critério e preserve a coerência entre propósito, estratégia e impacto.
