Agile Coach, você é capaz de honrar este Código de Conduta?

Quem vem acompanhando nossa sistematização e defesa do papel de Business Owner nas organizações, sabe que o tema Ética foi tratado no Modelo de Competência do Guia de Referência do Agile Business Owner. Veja o que escrevemos sobre o assunto:

“Ética é uma característica imprescindível para o Agile Business Owner, pois é através dela que o profissional irá conquistar o respeito das partes interessadas e influenciar a evolução de seu contexto de negócio de forma sustentável. Além disso, a habilidade de reconhecer questões éticas diante de um problema ou solução, e saber conduzir a resolução dos conflitos de interesse, poderá reduzir a exposição do negócio ao risco.”

https://agilebusinessowner.org/

Para a nossa grata surpresa, a ascensão do pensamento ágil nas organizações frente à banalização de alguns papéis críticos para o sucesso de sua implantação, como é o caso do Agile Coach, despertou o interesse da Agile Alliance em escrever um Código de Conduta Ética para estes profissionais. Tomamos a liberdade de realizar uma tradução não oficial de seu rascunho (texto abaixo) para dar subsídios à reflexão desses diante dos desafios de tornar a Agilidade de Negócios uma realidade nas organizações.

Recomendo que você leia o Código de Conduta Ética do Agile Coach e reflita sobre os seguintes questionamentos que tenho feito em ambientes empresariais durante nossas atividades de consultoria e treinamento:

1. Você tem consciência de que a cultura organizacional é resultado da influência direta dos modelos de gestão adotados pela alta liderança? Você pode até ter sucesso na implantação de métodos e ferramentas no nível das equipes, mas para mudar a cultura de uma empresa, você precisa mudar a cabeça de sua alta gestão. Você se sente capaz de fazer isso a ponto de honrar o papel de Agile Coach no nível organizacional? Até que ponto você abandona a ética para dizer que está fazendo a transformação cultural de uma empresa atuando somente no nível operacional de suas equipes de desenvolvimento?

2. Agilidade de Negócios não é levar Métodos Ágeis para além da área de Tecnologia da Informação. Tampouco escalar um time de desenvolvimento em squads e tribos reproduzindo o “modelo” Spotify ou implantando frameworks complexos. Agilidade de Negócios tem a ver com o desenvolvimento de novas capacidades organizacionais que geram diferenciais competitivos para o negócio na nova Economia Digital. Para que isso se torne uma realidade, você terá que tratar de temas como Liderança Evolucionária, Estratégia Exponencial, Portfólio Enxuto, Governança Ágil e Execução Evolutiva, mantendo sempre uma visão pragmática sobre os resultados de negócio conquistados ao longo do processo de mudança. Até que ponto você abandona a ética para dizer que está liderando um programa de Agilidade de Negócios sem envolver e desenvolver os líderes de negócios, mantendo o foco somente na melhoria contínua de processos e ferramentas nos níveis tático e operacional?

Vou encerrar minha reflexão somente com estas duas provocações, sendo que muitas outras são possíveis diante de cada um dos temas que apresentei no item 2. Gostaria de ouvir sua sincera opinião sobre o tema e alguns pontos que devemos endereçar no papel do Agile Coach na busca pela Agilidade de Negócios nas empresas. Na minha opinião, fica claro que uma especialização na perspectiva de negócios se tornará necessária num futuro próximo, podendo ser denominada de Agile Business Coach.

Um grande abraço à todos os Agile Coaches do planeta e muito sucesso em suas jornadas de transformação, com muita ética e profissionalismo em suas ações.

Luiz C. Parzianello
Fundador da ABO Academy

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Tradução Livre do documento:
Code of Ethical Conduct for Agile Coaching.pdf – Google Drive

Iniciativa da Agile Alliance sobre Ética no Agile Coaching
CÓDIGO DE CONDUTA ÉTICA DO AGILE COACH

VERSÃO RASCUNHO de Janeiro 2021

PREÂMBULO

Espera-se que as pessoas que desempenham um papel relacionado ao agile coaching atuem de forma ética, mas o que isso realmente significa?

A intenção deste Código de Conduta Ética no Coaching Ágil (Código) é orientar as pessoas que realizam atividades de coaching ágil, trabalhando com indivíduos, equipes e organizações (independentemente de papel ou cargo), sobre os tipos de comportamentos, conselhos e abordagens que se espera das mesmas.

Coaching Ágil é uma profissão em evolução que abrange muitas disciplinas, incluindo coaching individual, coaching em equipe e sistêmico, facilitação, ensino e mentoria, tudo isso aplicado com um viés aberto e deliberado no sentido de utilizar abordagens ágeis para ajudar a resolver as necessidades do cliente.

A intenção deste Código é fornecer uma fonte única e evolutiva de orientação ética para o coaching ágil em toda a ampla gama de disciplinas constituintes.

Este Código não é um contrato legalmente mandatário, que determina o que uma pessoa pode e não pode fazer.

A complexidade do coaching ágil implica que você inevitavelmente encontrará situações difíceis. Este Código tem o objetivo de ajudá-lo, orientando-o para a variedade de fatores éticos que podem necessitar de uma maior consideração.

Qualquer pessoa que abrace o Código deve se esforçar para atuar de forma ética, mesmo quando isso envolve a tomada de decisões difíceis. Elas devem agir com coragem, mesmo que haja um impacto negativo pessoal. Este Código irá ajudar como apoio diante das decisões difíceis que precisarem ser tomadas e você pode fornecê-lo para seus clientes como suporte às suas decisões. Ele suporta você na comunicação de suas ações.

Os signatários deste Código são multiculturais, multigeracionais e filiados a muitos grupos diversos. Acreditamos que o poder deste movimento seja amplificado quando colocamos de lado as diferenças e nos elevamos mutuamente em busca de uma melhor jeito de ser. Comprometemo-nos a nos apoiar mutuamente em decisões difíceis e conversas corajosas.

Este Código é apoiado por explicações adicionais contidas no documento Cenários de Ética, disponível no site da Agile Alliance “Iniciativa de Ética no Coaching Ágil”.

Como um Agile Coach ético, comprometo-me a:

Confidencialidade e segurança da informação

1. Proteger as informações compartilhadas comigo e não as divulgar sem acordo ou razão legal.

Agir dentro de sua capacidade

2. Ser aberto e transparente sobre minhas habilidades e experiência, e não afirmar ter habilidades ou conhecimentos que não possuo.
3. Ser honesto com o cliente se acreditar que ele precisa de outra forma de ajuda profissional.

Introspecção e desenvolvimento profissional contínuo

4. Me engajar na introspecção e participar de um grupo de colegas ou de mentoria para explorar os desafios éticos e de outra natureza no meu trabalho como Agile Coach.
5. Melhorar a autoconsciência e a eficácia por meio do desenvolvimento profissional.

Conflitos de interesse

6. Ser transparente diante de qualquer conflito de interesse potencial com todos os que possam ser afetados e não agir com desonra.
7. Me retirar de uma relação profissional caso um conflito não possa ser gerenciado de forma adequada.

Responsabilidade social, inclui diversidade e inclusão

8. Encontrar oportunidades de trazer diferentes vozes para o debate e não tolerar, permitir ou perpetuar a discriminação de qualquer forma.
9. Por minha ação e inação, me esforçar para deixar a sociedade melhor do que a encontrei.

Garantir que a relação seja valiosa tanto para o coach quanto para o cliente

10. Garantir que a minha relação com o cliente se mantenha valiosa, não a estendendo desnecessariamente.
11. Ser honesto diante de qualquer percepção da perda de valor dos meus serviços.

Concordando sobre os limites

12. Garantir que seja acordado um escopo de trabalho.
13. Trabalhar com o cliente para entender suas necessidades, ao invés de impor a minha própria solução.
14. Não colidir interesses com uma organização que está perseguindo um propósito contrário aos Valores e Princípios do Manifesto Ágil.

Responsabilidade para com a profissão

16. Defender a reputação da profissão de Agile Coach.
17. Não tolerar, e desafiar, qualquer comportamento antiético de outros colegas de profissão.
18. Dar o devido crédito às ideias de outros e evitar que elas aparentem ser minhas.