Competências do Agile Business Owner: Uma jornada sem fim …

A palavra competência tem sua origem no termo competere (em latim) que significa “aptidão ou capacidade de se realizar algo”, desde uma tarefa simples à resolução de um problema complexo. Se o objetivo de um Agile Business Owner é alavancar os resultados de uma organização no contexto da Nova Economia Digital, quais são as competências essenciais que precisam ser desenvolvidas ao longo de sua jornada profissional? Com este artigo, pretendo provocar algumas reflexões em líderes e gestores de negócios que acreditam no papel do Agile Business Owner como um catalisador da Agilidade de Negócios.

Costumo ensinar em treinamentos de gestão e liderança que nossos RESULTADOS dependem diretamente dos nossos COMPORTAMENTOS, e que estes são suportados pelos CONHECIMENTOS e HABILIDADES que desenvolvemos ao longo de nossas vidas. Em outras palavras, aquilo que conquistamos depende diretamente daquilo que fazemos, e isso é suportado pelo que sabemos, compreendemos e conseguimos fazer. A figura abaixo ilustra essas relações de causa-efeito e introduz o Modelo de Competência no Guia de Referência do Agile Business Owner.

Figura 1: Nossa capacidade de aprender novas competências pode gerar melhores comportamentos e resultados.

Falar em competência numa perspectiva operacional, que busca suportar ações para garantir as metas diárias de resultado, costuma nos remeter a um conjunto limitado de conceitos, práticas e ferramentas de trabalho. Falar em competência numa perspectiva estratégica, que busca desenvolver novas capacidades para alavancar resultados e realizar um grande propósito transformador organizacional, costuma nos remeter a um conjunto ilimitado de crenças e valores que estimulam e demandam nossas capacidades de liderança. É por essa razão que costumo dizer que o desenvolvimento do Agile Business Owner, um líder de negócios que atua como agente de mudanças baseado em valores e princípios das abordagens Lean, Ágil e Exponencial, irá demandar uma jornada que não tem fim. No entanto, como qualquer outra jornada, sempre há um início por onde podemos começar.

Minha proximidade com o Instituto Internacional de Análise de Negócios (fui fundador e presidente do IIBA Porto Alegre Chapter e também coautor da Agile Extension to the Business Analysis Body of Knowledge) me fez considerar seu Modelo de Competência como ponto de partida para esta jornada. Esse modelo, que já se encontra na versão 4.0, elenca um conjunto de conhecimentos e habilidades que deve ser aprendido e praticado por Analistas de Negócio, do nível iniciante ao especialista. Como acredito que os líderes da Nova Economia devem desenvolver capacidades analíticas e gerenciais diante das características VUCA e Digital de seus mercados, propus estender esse modelo para as necessidades do Agile Business Owner. O resultado é o diagrama apresentado abaixo, que representa o Modelo de Competência do Agile Business Owner.

Figura 2: Modelo de Competência do Agile Business Owner.

Analise bem o conteúdo deste modelo e pense nas seguintes perguntas: Você acredita que um líder de negócios deve ter conhecimento do próprio negócio? Acredita que líderes da Nova Economia Digital precisam analisar contexto, partes interessadas (em especial os clientes), cenários, riscos, perdas e oportunidades, bem como as necessidades, soluções, estratégias e mudanças? Será que esses líderes precisam conhecer princípios de gestão das mais diferentes perspectivas organizacionais, como as de negócios, produtos, processos, pessoas e projetos? Será que podemos falar em Agilidade de Negócios sem o devido conhecimento de valores e princípios dos principais métodos e frameworks praticados no mercado? Qual o nível de desatualização dos gestores que ocupam cargos de decisão em empresas diretamente impactadas pelo mundo digital?

Em relação às habilidades, você acredita que algumas características comportamentais que demonstram o verdadeiro interesse do líder por temas como ética, diversidade, responsabilidade, adaptabilidade e autonomia são essenciais para as organizações que almejam o crescimento exponencial? O que você me diz do líder de negócios ter um pensamento analítico capaz de resolver problemas complexos, balanceando a crítica e a inovação com uma visão sistêmica da organização associado a capacidade de comunicação, empatia e interação com outros seres humanos?

O líder da Nova Economia Digital é um caçador de talentos, um coach e mentor de novos líderes, um revolucionário da cultura organizacional, um visionário que inspira a mudança e encanta clientes e parceiros com a coerência de um discurso verdadeiro transformado em ações e resultados. Pode parecer utópico acreditar que exista um líder com todas essas competências. Eu mesmo me considero especialista em algumas delas mas iniciante em muitas outras, situação esta que me motiva a continuar minha jornada de aprimoramento profissional e aprimorar minha liderança diante de um negócio cujo propósito é impactar positivamente o maior número de gestores em todo o mundo. É importante compreender que a questão não está em dominar todas as competências do Agile Business Owner, mas sim em combinar determinadas características pessoais a fim de construir um modelo de liderança ideal para cada contexto organizacional.

Autor, consultor, mentor, professor e palestrante em temas como Business Agility, Liderança Evolucionária, Estratégias Exponenciais (design, implementação e execução), Portfólio Enxuto (programas estratégicos) e Governança Ágil (alta gestão, conselho e liderança executiva). Parzianello é CEO da SURYA Consulting e fundador da ABO Academy, a primeira academia no mundo especializada no desenvolvimento profissional de Agile Business Owners, o papel catalisador da Business Agility nas organizações (modelo introduzido na Agile Conference 2019, Washington, USA). Um dos precursores dos Métodos Ágeis (2002) no Brasil, é coautor da Agile Extension to the Business Analysis Body of Knowledge (IIBA/Agile Alliance, 2012) e colaborador no Introduction to Product Ownership Analysis (IIBA, 2020). É criador e  apresentador do canal Lean Business Analysis Brazil no YouTube e professor de diversos programas de MBA da PUCRS.

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Comentários

  1. Dentro desse cenário, entendo também que pode haver alguns momentos de “decisão de escolha de contexto”, não?
    
O ABO ao “ganhar corpo” avançando no seu próprio mapa de competências, talvez precise avaliar se o contexto (empresa, negócio, produto, pessoas) onde está inserido “comporta” o investimento em agilidade de negócios ou se ele, investido de uma nova visão, uma nova busca, deve procurar um contexto novo onde possa fazer a diferença e continuar firme na sua “jornada sem fim”.

    Como se fosse, olhando para o próprio mapa de competências, considerando forças e fraquezas, a análise e decisão entre “Desistir jamais” e “Chega de dar murro em ponta de faca” 🙂

    1. Obrigado pelo comentário Cassius! Lembre sempre que adaptamos o Business Analysis Core Concept Model (BACCM) do IIBA para uma versão denominada Business Ownership Core Concept Model (BOCCM). Com ele, defendemos que o Agile BO deve sempre iniciar a análise de seus desafios pelo Contexto, seguido da percepção de Valor das Partes Interessadas. Ou seja, contexto será será determinante sobre nossa estratégia de mudança para a aceleração de resultados. Só que todo contexto deverá comportar investimentos em Agilidade de Negócios, pois a essência desse termo não é levar os “Métodos Ágeis” para fora da TI, mas sim desenvolver novas capacidades organizacionais de atender a desejos e necessidades de clientes, adaptar-se rapidamente a tendências e mudanças de mercado, e realizar as transformações necessárias de forma sustentável. Acredito que não há empresa que não deseje isso. O problema está na capacidade do liderança em fazer isso. Por isso o Modelo de Competência é um mapa para uma jornada que não tem fim … Desistir, jamais! 😉

  2. O líder da Nova Economia Digital é um caçador de talentos! Frase forte e uma afirmação que acredito muito. A visão aguçada deste perfil de liderança que o guia do Agile Business Owner defende, contempla olhar para o futuro do negócio e para as futuras e necessidades das pessoas. Essa falta de capacidade em liderar um processo de evolução organizacional, é o que no meu entendimento, faz com que diversos modelos e frameworks, que prometem a implantação da tão desejada Agilidade de Negócios, acabam falhando ou demorando tempo demais para acontecer.

    1. Totalmente de acordo! Temos visto diversas abordagens de Agilidade de Negócios no mercado empresarial, mas a grande maioria segue focada em processos e ferramentas, por mais que afirmem o contrário. Nossa abordagem explicitamente tem o Agile Business Owner como catalizador do processo de mudança organizacional e aceleração de resultados de negócios, a começar pelo encantamento de seus clientes.

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