Organizações Exponenciais e Agilidade de Negócios

Organizações Exponenciais representam um desafio às crenças herdadas da sociedade linear. O avanço tecnológico é um impulsionador para esse novo modelo mental, mas ainda existem muitas barreiras que precisam ser rompidas.

Paralelo a isso, é percebido que Internet foi a tecnologia que mais se desenvolveu nas últimas décadas. Ela é, possivelmente, a maior responsável pelo sucesso de empresas que representam as chamadas Organizações Exponenciais. Tanto o Uber, Spotfy e AirBnB, grandes representantes destas organizações, só possuem um modelo de negócio de alto valor por causa da democratização da internet. Isso tudo foi o tom que embalou os debates do encontro de junho de 2021 da Comunidade de Prática de Agile Business Owners do Brasil.

10º encontro da CoP Brasil

É dentro desse contexto, que o 10º Encontro da Comunidade de Prática (CoP) de Agile Business Owners (ABO) do Brasil, realizado no dia 05 de junho de 2021, trouxe uma abordagem mais organizacional sobre o Pensamento Exponencial, com o objetivo de entender onde as inovações tecnológicas se tornam recursos para empresas gerarem a capacidade de adaptação de seus negócios.

Para fazer essa conexão, foram convidados dois especialistas, que além de conhecer a teoria, possuem uma experiência prática. É por isso que, além de compartilhar a sua percepção sobre o tema, protagonizaram um valioso debate com participantes.

Cristian Basilio, Senior Manager of Strategy, Agility and Innovation da ADP Brazil Labs, fez uma apresentação breve sobre “As características das Organizações Exponenciais”. Cristian falou do que há em comum entre empresas como Uber, AirBnB, Netflix, Waze em relação aos seus modelos de escalar negócios. Ele destacou que o pensamento exponencial tem a sua fortaleza em um propósito transformador massivo e principalmente, na capacidade de formar comunidades em torno de suas marcas. Outro ponto de destaque foi a forma como essas empresas utilizam do conhecimento e apoio da multidão, ou seja, conseguem crescer resultados de negócio e ampliar seus mercados sem a necessidade de inflar suas estruturas.

Logo em seguida, Francisco Milagres, Fundador e Diretor Executivo da Mirach, Embaixador da OpenExO no Brasil, trouxe a sua visão sobre “Os desafios da Transformação Exponencial”. Milagres demonstrou como foi possível, pelos experimentos realizados por ele em diversas empresas, fazer a transição do que ele chamou de “inspiração para a prática”. E um ponto bastante desafiador, apontado pelo executivo, foi a inovação dentro da empresa (Core) versus a inovação na borda (Edge), ou seja, como algumas organizações utilizam deste conceito de inovação disruptiva na borda e conseguem absorver esse recurso no futuro, incorporando o resultado desta inovação no core da empresa.

Nova visão das Organizações Exponenciais

Mais que uma palestra, a COP é uma tempestade de ideias e visões

Uma característica dos encontros da Comunidade de Prática, promovidos pela ABO Academy, é o espaço generoso para o debate e interações entre especialistas convidados e o público. Essa participação ativa entre todos faz surgir outros vieses para o debate. São as perguntas que fazem o conhecimento evoluir. A seguir, trazemos algumas perguntas que provocaram as discussões.

Como criar o engajamento e colaboração entre o que está na borda (buscando a inovação) e o que estão suportando o Core da Empresa?

Iniciar uma inovação fora do negócio, inovação da borda, é um recurso para driblar algumas das questões que retardam o processo de experimentação. Na defesa de Milagres, nesse caminho você deve buscar ter um time que aceita “pedir desculpas ao invés de licença”. Esse grupo, consegue trabalhar em um ambiente com muita incerteza e utilizar também das competências internas para acelerar seus experimentos. Isso é reforçado na fala do Cristian Basilio, que reintegra que o pensamento exponencial “leva o olhar para fora, olhando oportunidades. Um olhar adjacente ao core da empresa”. Ainda segundo ele, quando a solução ganha força, empresas trazem essa inovação para dentro. Isso ocorre em um grupo de empresas, que acredita que apartar os times, é uma forma de conseguir desenvolver projetos de inovação de forma mais ágil sem o provável atrito do sistema de gestão mais “tradicional”. Mas, como Milagres deixou muito claro, existem exemplos que fazem a inovação internamente e funciona bem, não há uma receita única e definitiva.

Como trabalhar inovação na borda sem criar um muro de Berlin?

A adoção do caminho de inovação na borda pode contribuir para a criação de uma barreira entre um lado da empresa que inova e é ágil e outro que pouco inova e segue um modelo mais cascata. Isso pode ser um grande risco ao futuro, quando será preciso fazer essa união de conhecimentos e aprendizados. Mas, há empresas que inclusive desejam criar esses muros, uma forma intencional de seleção natural dos melhores talentos para tocarem iniciativas de inovação. De acordo com Francisco Milagres, criar um muro pode ser um recurso para ao mesmo tempo que, desenvolve pessoas com a mentalidade de experimentação, a empresa consegue manter pessoas resilientes nos processos de rotina da organização. Isso permite uma estrutura de “bimodalidade”.

Até que ponto o foco no crescimento exponencial de resultados nos permite compreender as mudanças na organização?

O debate fez surgir a evidente necessidade, no contexto organizacional, de lideranças visionárias capazes de trabalhar a exponencialidade na estratégia, enxergando o portfólio como uma carteira de investimentos. Para isso,é imperativo alavancar as capacidades de negócio para permitir a transformação exponencial. Assim, é nítida a necessidade de um plano de transformação cultural, que passa por revisar modelo de gestão de Negócios, Produtos, Processos e Pessoas. Fica muito difícil que todos da organização entendem dos objetivos do negócio e consigam pensar novas oportunidades, se algumas mudanças não forem adotadas. Logo, a alavancagem de novas capacidades requer experimentos de risco e esses novos negócios sempre vão desafiar, em algum ponto, a cultura da empresa. Cultura essa, reflexo do modelo de gestão e liderança. Portanto, “não são pessoas especiais que fazem a inovação, mas sim as pessoas inseridas em ambientes que as permitam exercitar o seu pensamento crítico”. Essa frase foi trazida por Ana Venosa, profissional que participava como expectadora, mas que trouxe uma valiosa contribuição ao debate.

Um ensaio para outros debates

Definir o que é valor e o que a empresa vai entregar, é um debate recorrente. Olhar para o futuro e para o presente. Uma liderança com pensamento exponencial deve ter a noção de que em algum momento os seus atuais produtos ou serviços, podem entrar em uma curva descendente. Por essa razão, é importante já estarem com um olhar para os produtos ou serviços ascendentes, resultados de iniciativas de experimentações. Como trazido por Cristian, isso deve estar na estratégia do negócio. Complementando, Milagres reforça que a liderança deve ter clareza de que nem sempre os experimentos trarão resultados imediatos. Por tanto, o crescimento exponencial não está exclusivamente focado em resultados financeiros de curto prazo, mas também ao quanto a empresa aprende e é capaz de se adaptar ao futuro.

Co-Fundador da ABO Academy, sócio e head de Consultoria na  SURYA | Business Agility Getting Real (2001), uma empresa de consultoria e educação executiva, referência em Agilidade de Negócios no Brasil, que desenvolve programas de aceleração de resultados baseados nas abordagens Lean, Ágil e Exponencial (ExO).

Formado em Publicidade e Propaganda, especialista em Marketing Estratégico e Mestrando em Ciência da Computação, atua como palestrante, mentor e consultor em projetos de agilidade de negócios e transformação digital de empresas.

Sou um incentivador, estudioso e disseminador dos princípios e valores presentes no papel do Agile Business Owner. Um modelo de liderança para a nova economia digital, que unifica o que há de melhor dos pensamentos Lean, Ágil e Exponencial e torna líderes de negócio agentes inspiradores e catalisadores de mudanças organizacionais.

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