O que David Bowie e a gestão negócios na nova economia tem em comum?

Para quem nunca ouviu falar em David Bowie, ele foi um músico por vezes referido como “camaleão do Rock”, pela sua capacidade de sempre se renovar. Independentemente de você conhecê-lo ou não, indico aqui uma playlist no YouTube para você ouvir suas mais icônicas canções durante a leitura deste texto.

Camaleão do Rock e Empresa Camaleão

Primeiramente, vamos buscar entender o que fez David Bowie receber esse carinhoso apelido. É preciso lembrar que o camaleão é um animal que tem a capacidade de alterar a sua cor de pele, uma forma de sinalização social e uma reação à temperatura do ambiente. É por isso que a palavra camaleão é bastante utilizada para adjetivar pessoas maleáveis, que adaptam seu comportamento e suas características conforme o contexto.

Muitos apelidaram Bowie como o “Camaleão do Rock”, um artista que sempre ousou e se tornou um dos músicos populares mais inovadores e influentes de todos os tempos. Mas há um ponto interessante nessa história. David Bowie é considerado inovador, criador de tendências e responsável por novas curvas musicais que são referência até hoje.

Indo além, podemos dizer que ele nunca foi um camaleão, porque no fundo, não era ele que se adaptava ao mundo, mas o mundo passou a se adaptar a ele. É neste ponto que faço a conexão com negócios que se destacam na nova economia digital. Se Bowie fez com que o mundo se adaptasse a ele no contexto musical, Steve Jobs fez o mesmo no contexto tecnológico ao lançar o iPhone. Não foi a Apple que se adaptou ao mundo dos celulares, o que aconteceu foi exatamente o oposto.

Com esta nova forma de encarar esse conceito, passei a fazer uma pergunta frequentemente, tanto para mim quanto para nossos clientes:

Quais são nossas oportunidades de criar tendências e não apenas de nos adaptar às mesmas?

Com a quantidade de oportunidades que existe ao nosso alcance, será que simplesmente adaptar-se ao mundo é bastante para organizações da nova economia digital? Como podemos revolucionar a gestão de negócios?

Precisamos desenvolver e manter a capacidade de criar o futuro

Seguindo por essa vertente, penso que inovar deveria ser a capacidade da organização criar dentro dela mesma o modelo de negócio que irá tomar o seu lugar no futuro. Estranho? Fora de cogitação? Fantasia?

Percebo que não, e há no mundo alguns exemplos dessa postura. Jack Welch, considerado o maior CEO do século XX, tinha essa visão, como ele mesmo dizia “queremos ser uma empresa que está sempre se renovando, se libertando do passado e se adaptando aos novos tempos.” Na verdade, mais que isso, Welch expressou o desejo de criar dentro da própria GE a próxima empresa que iria desbancar sua posição no mercado. Dessa forma, podemos perceber que inovação fazia parte da estratégia da GE. Welch queria que, sob sua liderança, a empresa se mantivesse no topo independente do que a cercava, e por isso, a necessidade de criar seu próprio futuro. Isso foi, e ainda é, uma quebra de paradigmas na gestão de negócios.

No campo científico, o problema em inovar, defendido por Gary P. Pisano em artigo publicado pela Harvard Business Review em junho de 2015, está enraizado na falta de uma estratégia de inovação. De acordo com Pisano, uma estratégia nada mais é do que a criação de um compromisso dentro de uma organização. Há quem chame de um exercício de “Reflexão Estratégica”, em que buscamos tornar claro com quais conjuntos de desafios de negócio ou resultados de negócio, estamos nos comprometendo.

Estratégia é mais simples do que muitos pensam

Diante do cenário desejado, podemos definir a identidade de uma empresa. Saber se ela é criadora de futuro ou se aceita a se adaptar ao mesmo. Numa estratégia de negócios, o “a onde queremos chegar” deve ficar muito claro para todos.

Temos defendido na ABO Academy que esse destino deve ser construído não somente com a perspectiva financeira, mas também das perspectivas do cliente, mercado e sociedade. Nosso fundador, Luiz Parzianello publicou um artigo denominado Por que os gestores precisam ressignificar a perspectiva de resultados? que apresenta em detalhes a importância dessa abordagem e como ela influencia a forma de gerimos nossos negócios na nova economia digital.

Pois bem, somente os líderes têm a capacidade de mudar a forma de gestão que irá impactar na cultura organizacional. Se as lideranças forem pessoas com um perfil visionário e inovador, certamente sua gestão irá acompanhar esse modelo e seus liderados serão reflexo disso. São eles que irão construir o conjunto de crenças, valores e comportamentos evolutivos que irão forjar a cultura de inovação capaz de explorar a abundância de oportunidades da nova economia digital.

Então, o que impede você de criar o futuro?

Primeiro, quando o assunto inovação surge na pauta da análise da estratégia de negócios, prontamente surge uma lista de características genéricas exaltadas por livros de administração, blogs e discursos de especialistas. Na minha opinião, por mais que a intenção seja positiva, o resultado é uma visão equivocada sobre o que realmente significa a palavra “Inovação”. Considero um grande erro conceitual determinar que inovação é o fim e não o meio. É por isso que tratamos inovação como uma capacidade organizacional necessária para criar o futuro ou, ao menos, para adaptar-se às tendências.

Voltando ao começo de tudo … O que David Bowie e a gestão negócios na nova economia tem em comum? A capacidade de se reinventar para superar a si próprio, criando tendências num mercado de abundância com um processo contínuo de experimentação e aprendizagem.

Escreva suas reflexões na ABO Academy

Estas foram algumas das reflexões que costumo fazer com dois temas que muito me agradam: Gestão de Negócios e Música, mais especificamente, Rock and Roll. Convido você a fazer o mesmo na forma de ensaios ou pequenos artigos, submetendo seu material para email contato@abo.academy. Você também pode ensaiar a reflexão em nossos Fóruns de Discussão, tornando-se membro da ABO Academy. A inscrição é rápida, gratuita e segura.

Co-Fundador da ABO Academy, sócio e head de Consultoria na  SURYA | Business Agility Getting Real (2001), uma empresa de consultoria e educação executiva, referência em Agilidade de Negócios no Brasil, que desenvolve programas de aceleração de resultados baseados nas abordagens Lean, Ágil e Exponencial (ExO).

Formado em Publicidade e Propaganda, especialista em Marketing Estratégico e Mestrando em Ciência da Computação, atua como palestrante, mentor e consultor em projetos de agilidade de negócios e transformação digital de empresas.

Sou um incentivador, estudioso e disseminador dos princípios e valores presentes no papel do Agile Business Owner. Um modelo de liderança para a nova economia digital, que unifica o que há de melhor dos pensamentos Lean, Ágil e Exponencial e torna líderes de negócio agentes inspiradores e catalisadores de mudanças organizacionais.

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Comentários

  1. Grande desafio: “A capacidade de se reinventar para superar a si próprio…”

    Para superar a si próprio exige um autoconhecimento que não vejo nas organizações e nos líderes de negócios.

    O Líder do negócio precisa se autoconhecer e principalmente ter o conhecimento total da empresa, do mercado e de seu Business para que seja possível essa superação de si mesmo(a).

    Grandes reflexões o texto!

    1. Digo que organizações em todo mundo acabam sofrendo com a “Maldição do Benchmarking”. Ou seja, focam seus olhares exclusivamente para “copiar” ou alcançar as melhores práticas do mercado. Algo que pode ser percebido como a desestruturada busca por formar “squads”. Uma questão de pensamento, em muitos casos, limitado. Olhar para um “caso de sucesso” e tentar replicá-lo é uma crença limitante de que aquilo irá funcionar no seu contexto de negócio. Na verdade, não há certeza disso e líderes de negócio sem essa clareza, acabam focando nos recursos mais sedutores sem saber o verdadeiro porquê.

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