O despertar dos negócios para o modelo de plataforma

Ao longo dos anos, o avanço constante das inovações têm forçado os seres humanos a se ajustarem a circunstâncias que não controlam. 

Ao mesmo tempo que são munidos de tecnologias que dão acesso a diferentes e sedutoras novas capacidades. Isso está presente desde a descoberta do fogo e permanece até a atual economia digital.

A diferença entre o período Paleolítico (descoberta do fogo) até hoje, a Nova Economia Digital, é que a velocidade com que novas tecnologias surgem está muito mais rápida que no passado.

Assim como, a quantidade de inovações com o potencial de transformar nossa sociedade ocorre de uma maneira única e jamais vista. Esse é o mundo VUCA (Volátil, Incerto, Complexo e Ambíguo) que segue nas nossas vidas, mesmo que muitos queiram negar.

Mas há algo unânime: hoje aprendemos mais rapidamente a dominar uma nova tecnologia. 

Por isso, os ciclos de inovação estão cada vez mais acelerados e abrindo novas oportunidades para todos nós na mesma velocidade que nos desafia e exige que estejamos sempre aptos a nos adaptar, com o risco de ficarmos obsoletos.

Esse medo da obsolescência tem provocado as empresas e exigido que elas não apenas se adaptem às tendências, mas que criem as suas próprias para se diferenciarem em um mercado em constante evolução. 

Uma palavra começa a aparecer com força dentro das empresas para ajudar nesse processo. Você já deve ter ouvido muito por aí a palavra “plataforma” em alguma conversa sobre novos modelos de negócio. 

Se ainda não ouviu, certamente vai se deparar com essa palavra muito em breve e é sobre isso que quero aprofundar esse texto: o modelo de plataforma.

Modelo de plataforma é uma esperança para rejuvenescer modelos de negócio

Plataforma virou sinônimo de um modelo de negócio contemporâneo e expoente da Nova Economia Digital, principalmente depois do tema ser retratado em alguns livros, como “Plataforma: A Revolução da Estratégia”, escrito por Geoffrey Parker, Marshall Alstyne e Sangeet Choudary. 

Os autores aprofundaram o estudo e demonstraram o uso de tecnologia para conectar pessoas, organizações e recursos em um mesmo ecossistema. O que na verdade é uma evolução do modelo de mercado bilateral ou rede bilateral. 

Essa forma de fazer negócio está alicerçada em uma plataforma na qual duas partes interessadas interagem e se beneficiam mutuamente pela existência do outro.

Um exemplo muito comum a todos nós de um mercado bilateral é o segmento de cartões de crédito, em que os portadores de cartão enxergam valor em uma bandeira amplamente aceita. E os estabelecimentos comerciais valorizam bandeiras com grande número de portadores.

O sistema precisa ser capaz de fortalecer, engajar e ser atrativo para as duas partes, sendo assim, a plataforma cumpre seu papel de conexão e geração de valor para todas as partes interessadas.

Visão e inovação

Foi com essa visão de negócio que Steve Jobs, fundador da Apple, em 2007 trouxe ao mundo o Iphone e abriu as portas de um novo e promissor ecossistema digital para ampliar ainda mais a força de mercados bilaterais.

Porém, Jobs não inventou do zero o modelo de plataforma como podemos perceber. 

O fundador da Apple sempre teve um talento nato para interpretar evidências sobre as novas ondas de inovação e transformar isso em solução capaz de atender às necessidades das pessoas, mesmo àquelas adormecidas. 

Como o próprio Jobs afirma, “as pessoas não sabem o que querem até que você dê a elas”.

Dessa forma, o Iphone fez mais do que aproximar clientes e empresas, como os modelos de plataforma faziam até então. A Apple possibilitou que novos modelos de negócio surgissem, fazendo com que pessoas se conectassem de forma mais simples com outras pessoas do mundo todo.

O Iphone literalmente possibilitou com que cada um de nós tivéssemos o mundo em nossas mãos. Não é por acaso que a Apple aparece como a marca mais valiosa do mundo em 2022 e é a primeira empresa do mundo a ultrapassar 3 trilhões de dólares.

Se fosse um país, o valor poderia posicionar a Apple como a quinta maior nação do mundo.

Com esse resultado incrível, obviamente o mercado corporativo passou a se interessar pelo modelo de negócio da Apple. 

Porém, será que o conceito vem sendo praticado e entendido corretamente? Será que gestores do mundo todo entendem que isso requer uma profunda mudança na forma como a gestão das empresas é conduzida?

Como você pode iniciar sua jornada com foco no modelo de plataforma

Agora, apresento a definição de plataforma no contexto atual e as mudanças necessárias na gestão de negócios para adotar o modelo de plataforma.

A definição de plataforma na Nova Economia Digital

No mercado você vai se deparar com diversas definições e conceitos para definir o que é um modelo de plataforma na Nova Economia Digital.

Vou trazer a minha visão baseada na união de alguns conceitos trazidos no passado por Don Tapscott e seus 12 temas para a Economia Digital.

E, mais recentemente, Peter Diamandis e Steven Kotler que trouxeram para o debate os 6Ds das organizações exponenciais. Confira a seguir a síntese dessas temáticas.

modelo-de-plataforma2
Don Tapscott e seus 12 temas para a Economia Digital
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Peter Diamandis e Steven Kotler e os 6Ds da organizações exponenciais

Pois bem, podemos definir o modelo de plataforma como um ecossistema que possui a premissa de garantir valor para todas as partes interessadas e pertencentes à uma rede. 

O destaque está na obsessão que cada uma dessas partes possuem em gerar a melhor experiência para todos, fortalecendo laços de confiança entre eles e gerando valor de forma equiparada.

As mudanças na gestão do negócio ao adotar o modelo de plataforma

São mudanças sutis, porém com grande impacto na gestão e modelo de liderança dos negócios que buscam o modelo de plataforma.

Antes de olhar as mudanças, vamos entender que de fato faz parte da gestão de uma organização.

A gestão de uma empresa serve para “gerenciar” quatro pilares essenciais e comuns a qualquer organização: negócio, produtos/serviços, processos/tecnologia e pessoas. 

Você concorda que as áreas ou departamentos são variações desses 4 temas? Então vamos entender como estes elementos se comportam sob a perspectiva do conceito de plataforma:

  • Pessoas: são as partes interessadas e envolvidas de um ecossistema que se fortalece quando cada parte interage. É uma visão que ultrapassa os privilégios de uma ou duas partes interessadas e passa a buscar atender às necessidades e expectativas de todas as partes envolvidas como por exemplo cliente, colaboradores, acionistas, fornecedores, governo e sociedade. Uma plataforma parte por entender quem são as partes, seus interesses e relações;
  • Processos/tecnologia: aumentar a rede deve ser um movimento fluido e os processos e tecnologias envolvidas devem trazer a capacidade para escalar de forma exponencial o ecossistema da mesma forma que os custos de disponibilização do bem ou serviço não aumentem ou mesmo possam ser reduzidos. Estamos falando aqui de uma otimização sistêmica e não apenas local ou de uma parte;
  • Produtos e serviços: o grande impacto e talvez o mais perceptível pela maioria das pessoas está na estratégia de preços que não são convencionais. Devido aos efeitos de rede e de interdependência, a estratégia de precificação não deve considerar o preço de cada parte da rede, mas objetiva maximizar o benefício para todos. Esta estratégia foi amplamente usada pelos aplicativos de transporte e entrega de comida no momento em que estes negócios entraram no mercado com o objetivo de criar uma carteira de clientes mais rapidamente e por isso a estratégia de precificação foi realizada de uma forma que tentava beneficiar a todos, clientes com super descontos, estabelecimentos com o sistema de entrega completo, cadeia logística etc…
  • Negócio: talvez a maior mudança está nesse tema que muda a ótica de negócio de dentro para fora e passa a ser de fora para dentro. O discurso organizacional muda. Ao invés de as empresas mostrarem o quanto ela é incrível, a postura passa a ser a de como as pessoas ficam incríveis usufruindo aquilo que uma marca pode oferecer. Resumindo, o foco é demonstrar que a plataforma é capaz de gerar mais valor para todas as partes interessadas por meio da soma de ofertas de produtos e serviços de cada agente da rede. Um modelo de negócio em rede percebe a força da intercooperação incluindo a cocriação com clientes.

Por fim, é um assunto que ainda está sendo muito discutido, porém pouco compreendido, como a Agilidade de Negócios. Esperamos que alguns dos pontos trazidos neste texto tenham ajudado você a formar sua visão sobre modelo de plataforma.

Caso queira aprofundar o tema e levar essa revisão de modelo de negócio para a sua empresa, fale conosco!

Certamente poderemos achar uma forma de debater esse assunto de forma transparente e acessível para toda a sua organização. Também nos acompanhe no Instagram.

Co-Fundador da ABO Academy, sócio e head de Consultoria na  SURYA | Business Agility Getting Real (2001), uma empresa de consultoria e educação executiva, referência em Agilidade de Negócios no Brasil, que desenvolve programas de aceleração de resultados baseados nas abordagens Lean, Ágil e Exponencial (ExO).

Formado em Publicidade e Propaganda, especialista em Marketing Estratégico e Mestrando em Ciência da Computação, atua como palestrante, mentor e consultor em projetos de agilidade de negócios e transformação digital de empresas.

Sou um incentivador, estudioso e disseminador dos princípios e valores presentes no papel do Agile Business Owner. Um modelo de liderança para a nova economia digital, que unifica o que há de melhor dos pensamentos Lean, Ágil e Exponencial e torna líderes de negócio agentes inspiradores e catalisadores de mudanças organizacionais.

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Comentários

    1. Na vdd são duas coisas que pensei agora… O favoritar para uma lista de favoritos e ter tipo uma lista de desejos ou backlog para leitura rsrs.

      Isso para qq conteúdo da ABO Academy

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