A ESSÊNCIA DA AGILE BUSINESS OWNERSHIP
Modelo de Gestão Evolucionária
The ABO Framework | Provided by ABO Academy
"Nosso modelo de gestão traduz a Business Agility em ações concretas,
consolidando um processo contínuo de descoberta e entrega de valor do negócio."
Introdução
O Modelo de Gestão Evolucionária da Agile Business Ownership organiza e integra as práticas de gestão necessárias para tornar a Agilidade de Negócios uma realidade prática e sustentável nas organizações.
Sua finalidade central é gerar valor contínuo para todo o ecossistema organizacional, abrangendo clientes, colaboradores, investidores, parceiros, governo, meio ambiente, academia e sociedade. Para isso, o modelo opera por meio de dois grandes motores de geração de valor:
O Motor de Descoberta de Valor, que orquestra a Gestão Estratégica da organização por meio da concepção do direcionamento estratégico, do desenho da estrutura de aceleração, da implementação e monitoramento da execução, e da avaliação dos resultados gerados. Esse motor é sustentado por uma governança corporativa ativa e pela gestão do portfólio de programas estratégicos;
O Motor de Entrega de Valor, que realiza a estratégia por meio de uma Gestão Ambidestra, equilibrando os esforços dedicados à sustentação e crescimento do negócio (run the business) e à inovação e transformação organizacional (change the business). Esse motor é sustentado por uma média gestão forte, a começar pelos líderes dos programas estratégicos.
Esses dois motores operacionais sustentam um ciclo contínuo de aprendizado, decisão e ação — garantindo que a estratégia evolua com consistência e se transforme em resultados concretos e impactantes.
Mais do que equilibrar sustentação e inovação (como propõem as abordagens tradicionais de Motor 1 e Motor 2 existentes no mercado), a Gestão Evolucionária propõe uma mudança de foco: da operação para a estratégia como motor da transformação organizacional.
Com base em uma governança estruturada, numa gestão de portfólio de programas estratégicos e em fluxos ágeis de entrega de valor, esse modelo capacita líderes e gestores a conduzir a evolução de seus negócios de forma adaptativa, colaborativa e orientada ao propósito da organização.
A Origem do Modelo
Existem hoje diversas abordagens de Business Agility no mercado. Algumas ainda estão fortemente ancoradas no paradigma do desenvolvimento de produtos, com foco na agilidade de times e na entrega contínua de valor ao cliente. Outras se inspiram nas filosofias Lean e Ágil e as traduzem para as áreas que não são de TI, sem dar um direcionamento prático e direto a uma visão de negócios.
Dentre todas as abordagens que estudamos, destacamos o Framework for Business Agility, desenvolvido pelo Agile Business Consortium, que propõe uma visão mais abrangente e sistêmica da Agilidade de Negócios, com foco na orquestração dos macroprocessos organizacionais de gestão e liderança. Identificamos que essa abordagem estava profundamente alinhada à essência da Agile Business Ownership e decidimos iniciar um estudo aprofundado de sua estrutura e fundamentos, descrito nos próximos tópicos:
- Introdução ao Framework for Business Agility,
- A Decomposição do Framework (releitura);
- A Recomposição do Framework (ABO);
Introdução ao Framework for Business Agility
O Agile Business Consortium é uma das organizações mais antigas e influentes do movimento ágil. Fundado no início dos anos 1990 como DSDM Consortium (Dynamic Systems Development Method), foi pioneiro na criação de métodos ágeis aplicados ao desenvolvimento de software e teve um papel ativo na construção do Manifesto Ágil, em 2001. Ao longo das décadas, evoluiu seu foco do desenvolvimento para a gestão, da tecnologia para o negócio — consolidando-se como uma referência global em Business Agility.
Essa trajetória posiciona o Consortium como uma das poucas instituições que realmente traduziram os valores e princípios ágeis para a governança, liderança e estratégia organizacional, indo além da TI e alcançando a gestão como um todo. O Framework for Business Agility é o ápice dessa evolução: uma proposta sistêmica e estruturada que visa transformar a maneira como as organizações se organizam, operam, se transformam e entregam valor em ambientes de constante mudança.
Segundo o próprio Consortium, o framework foi desenvolvido para ajudar organizações a sobreviver e prosperar em contextos voláteis, incertos, complexos e ambíguos (VUCA). Ele é resultado da experiência prática de seus membros e de diversos profissionais ágeis, consolidando-se como uma abordagem sistêmica, integradora e aplicável à agilidade organizacional como um todo.
LÓGICA ESTRUTURAL DO MODELO
(Anéis Concêntricos)
O framework é representado como três anéis concêntricos que expressam níveis interdependentes de agilidade organizacional:

1) Núcleo Central: Cultura, Liderança e Governança:
Estes são os elementos-chave que sustentam a agilidade organizacional. A forma como uma organização lidera, governa e vive sua cultura influencia diretamente sua capacidade de operar, se transformar e gerar valor.
2) Anel Intermediário: Operar, Mudar, Suportar:
Representa a capacidade operacional da organização, ou seja, como ela executa suas atividades, promove transformações e apoia seus processos internos. A agilidade aqui depende diretamente da solidez dos elementos do núcleo central.
3) Anel Externo: Estratégia, Cliente, Ecossistema, Pessoas:
Mostra os focos de valor e resultado para os quais a organização direciona sua energia. Uma estratégia ágil garante foco, enquanto a entrega de valor para o cliente, as pessoas e o ecossistema define o impacto real da organização no mundo.
Definições dos Elementos do Framework
Aqui estão os 10 elementos do Framework for Business Agility, com uma frase de definição resumida para cada um:
Cultura: A cultura organizacional define os comportamentos, crenças e valores compartilhados que influenciam todas as decisões e ações. Uma cultura ágil promove confiança, colaboração e aprendizado contínuo.
Liderança: A liderança ágil é centrada no propósito, no apoio às pessoas e na habilitação da autonomia. Líderes ágeis guiam pelo exemplo e estimulam a evolução da organização.
Governança: A governança ágil garante clareza de responsabilidades, tomada de decisão distribuída e alinhamento entre propósito, valor e risco — sem comprometer a adaptabilidade.
Operar: Representa a capacidade da organização de executar suas atividades diárias com eficiência, foco em valor e adaptação constante às mudanças do ambiente.
Mudar: Refere-se à capacidade de evoluir e transformar a organização de forma contínua, adaptativa e consciente, respondendo de maneira estratégica às novas realidades.
Suporte: Inclui os sistemas, processos e estruturas que dão sustentação à organização — como tecnologia, recursos humanos, jurídico e financeiro — e sua capacidade de operar de forma integrada, flexível e responsiva.
Estratégia: É o direcionamento adaptativo da organização. A estratégia ágil mantém o foco no propósito e nos resultados de valor, com ciclos curtos de planejamento, execução e revisão.
Cliente: Colocar o cliente no centro das decisões garante a entrega de valor real e contínuo. Agilidade aqui significa escuta ativa, co-criação e adaptação às necessidades em evolução.
Ecossistema: Refere-se às redes de parceiros, fornecedores, comunidades e demais partes interessadas. Uma organização ágil colabora com seu ecossistema de forma aberta, transparente e coevolutiva.
Pessoas: As pessoas são o coração da organização. A agilidade valoriza autonomia, pertencimento, aprendizado e bem-estar — reconhecendo que as capacidades humanas são essenciais para a evolução do negócio.
O Framework for Business Agility representa uma das iniciativas mais consistentes e bem estruturadas para traduzir os princípios ágeis em uma visão completa de gestão e liderança organizacional. Sua proposta de orquestrar cultura, liderança, governança, operação, mudança e suporte em torno da entrega contínua de valor revela uma compreensão profunda dos desafios que as organizações enfrentam no mundo contemporâneo.
Ao posicionar a estratégia como eixo condutor e articular as diferentes dimensões da organização em uma estrutura concêntrica, o framework oferece uma base conceitual robusta para qualquer organização que deseje desenvolver sua capacidade adaptativa, colaborativa e sustentável.
Foi a partir dessa base que identificamos uma forte convergência com os princípios da Agile Business Ownership, o que nos motivou a iniciar um processo de releitura crítica e reconstrução metodológica que resultou no nosso Modelo de Gestão Evolucionária.
Antes de apresentar esse modelo, compartilhamos a seguir os padrões estruturais que identificamos nos elementos do framework original e como essa análise nos permitiu aprofundar a compreensão sobre a Agilidade de Negócios sob a perspectiva da gestão estratégica e da prática organizacional.
A Releitura do Modelo
Ao analisar atentamente a estrutura do Framework for Business Agility, conseguimos identificar padrões organizacionais recorrentes que revelaram uma lógica interna poderosa — mas que, sob uma nova perspectiva, poderiam ser reorganizados de forma ainda mais clara e aplicável à realidade da gestão estratégica.
Foi essa descoberta que nos levou a desenvolver uma releitura crítica e construtiva do modelo original, orientada pela perspectiva da Agile Business Ownership e pela pergunta central que sempre guiou nossa prática:
Como tornar a Agilidade de Negócios uma realidade nas organizações?
A partir dessa reflexão, emergiram três princípios norteadores da nossa abordagem:
Reconectar o negócio com a sua própria essência: gerar valor para todas as partes interessadas;
Colocar o negócio no centro da estratégia para o crescimento sustentável;
Tornar os líderes do negócio os verdadeiros catalisadores da evolução organizacional.
Com base nesses princípios, passamos a analisar a estrutura do Framework for Business Agility sob uma nova ótica — orientada pela prática da gestão estratégica e pela perspectiva do Agile Business Owner. Foi assim que nossa releitura começou a tomar forma.
Uma Nova Perspectiva para a Business Agilty
Com esse olhar, a primeira grande transformação na análise do framework foi reposicionar os elementos Clientes, Pessoas e Ecossistema no centro do modelo — tornando explícito que o verdadeiro foco da organização deve ser a Geração de Valor para todas as partes interessadas, ou seja, o impacto positivo no ecossistema organizacional.
Na camada seguinte, compreendemos que a entrega desse valor precisa ser orquestrada por meio de uma abordagem ambidestra, que equilibre sustentação e crescimento (operar o negócio) com inovação e transformação (mudar o negócio). Essa percepção nos levou à adoção direta da lógica Run the Business (RTB) e Change the Business (CTB) — modelo já consagrado desde os anos 1990.
Embora o framework original apresentasse também o elemento Support, entendemos que ele está inerentemente presente nas estruturas de gestão e, portanto, o consideramos desnecessário como componente isolado. Assim, mantivemos os elementos Operar o Negócio e Mudar o Negócio como núcleo da Gestão Ambidestra.
Na sequência, percebemos que essa capacidade ambidestra exige uma camada superior de orquestração estratégica. Inspirados no anel da Strategy do modelo original, expandimos seu escopo para incluir dois elementos que a prática nos mostrou serem indispensáveis: a Governança Corporativa e a Gestão do Portfólio. Juntos, esses três elementos formam uma tríade essencial para um processo disciplinado de Gestão Estratégica.
Por fim, ficou evidente que, para que esse modelo funcione de forma eficaz e sustentável, é preciso contar com uma nova mentalidade organizacional. Na visão da Agile Business Ownership, cultura é reflexo do modelo de gestão, que por sua vez é definido pelo modelo de liderança. Assim, a camada mais externa da nossa releitura passou a ser composta por Liderança, Gestão e Cultura — elementos que moldam o comportamento organizacional e sustentam a evolução do negócio.
Essa nova composição mostrou-se mais intuitiva, aplicável e poderosa na prática organizacional — especialmente para líderes e equipes da alta e média gestão. Ela mantém os conceitos genéricos do framework original, sem introduzir jargões ou novos termos, tornando sua aplicação mais acessível e universal.
- Afinal, é incontestável que “todo negócio deve gerar valor para todas as partes interessadas.”
- É igualmente evidente que “a geração de valor exige uma Gestão Ambidestra efetiva, conciliando RTB e CTB.”
O que emerge como novidade é a necessidade de uma gestão colaborativa, crítica, visionária e pragmática da estratégia organizacional, orquestrada pela Governança Corporativa e implementada por uma Gestão do Portfólio de Programas Estratégicos.
É aqui que surge a necessidade de um macroprocesso de Gestão Evolucionária, capaz de desenvolver essas grandes capacidades e sustentar a Agilidade de Negócios como prática real e integrada.
A figura abaixo ilustra o resultado dessa releitura, mantendo os mesmos elementos visuais do Framework for Business Agility criado pelo Agile Business Consortium, agora reorganizados a partir da perspectiva da Agile Business Ownership.
Da Releitura ao Modelo de Gestão Evolucionária
A partir da releitura crítica do Framework for Business Agility, estruturamos o que hoje chamamos de Modelo de Gestão Evolucionária da Agile Business Ownership. A figura abaixo sintetiza essa transição e deixa evidente como reorganizamos os elementos centrais do modelo original a partir de uma nova lógica de geração de valor.
Colocamos o cerne da Agilidade de Negócios à direita do modelo: a Geração de Valor para todas as partes interessadas. Essa é a grande saída do sistema organizacional, o impacto positivo que a organização busca produzir em seu ecossistema.
No fluxo que se move da esquerda para a direita, identificamos os dois grandes motores de gestão que estruturam o modelo:
A Gestão Estratégica, que atua como motor de Descoberta de Valor, responsável por conceber, direcionar, estruturar e avaliar continuamente o valor do negócio;
A Gestão Ambidestra, que funciona como motor de Entrega de Valor, responsável por realizar esse valor de forma eficaz, equilibrando operação e transformação do negócio.
Ambos os motores operam de forma integrada e convergem para um objetivo comum: gerar valor real e sustentável para clientes, pessoas, parceiros, investidores, governo, sociedade, meio ambiente e academia.
Mas o que acontece com o anel mais externo do modelo original?
A resposta está na cultura organizacional que queremos ver emergir: uma cultura voltada ao crescimento sustentável com base na geração de valor para todas as partes interessadas. Essa cultura não surge espontaneamente — ela é fruto de um novo modelo de gestão, como o que propomos aqui, sustentado por esses dois grandes motores.
E a liderança? Sabemos que nenhum modelo de gestão evolui sem um modelo de liderança correspondente. Por isso, o tema da Liderança Evolucionária será tratado no próximo componente das Práticas Evolucionárias da Agile Business Ownership.
Essa nova estrutura despertou em nós a necessidade de sistematizar um conjunto de 25 práticas de gestão, distribuídas entre os três elementos, capazes de sustentar a evolução organizacional e transformar a estratégia em ação de forma contínua.
Nas páginas a seguir, você poderá conhecer em detalhes o funcionamento do Modelo de Gestão Evolucionária, suas práticas e seus fundamentos metodológicos.
Benefícios em adotar esse modelo
Ao implementar o Modelo de Gestão Evolucionária em sua organização, você irá observar os seguintes benefícios:
- Clareza estratégica com foco no propósito e geração de valor;
- Alinhamento entre governança, estratégia, portfólio e execução;
- Capacitação da média gestão como protagonista da transformação;
- Estruturação de processos de gestão orientados à evolução contínua;
- Adoção de uma cultura baseada em aprendizado, colaboração e resultado;
- Entregas mais ágeis, relevantes e sustentáveis para todas as partes interessadas.
E quanto à implementação?
Sabemos que tornar esse modelo uma realidade exige um processo robusto, estruturado e adaptativo. A complexidade da implementação nos levou a considerar a criação de um novo componente metodológico: um Elemento de Implementação, com processos, ciclos e abordagens práticas para tornar o Modelo de Gestão Evolucionária viável em contextos reais. Esse pode ser o próximo passo da sua jornada!