OKR: O que aprendemos até agora

Trago aqui algumas reflexões do 13º Encontro da Comunidade de Prática de Agile Business Owner sobre OKR e o que mais devemos aprender sobre essa poderosa ferramenta de pensar.

Um breve resgate da história

Definir os melhores processos de dirigir ações que utilizam recursos para atingir objetivos de uma organização, vem sendo o grande objetivo de pensadores e empresários desde 1900. Sendo mais específico, foi em 1916 que Jules Henri Fayol lançou a obra Administração Industrial e Geral (título original: Administration Industrielle et Générale – Prévoyance, Organisation, Commandement, Ccoordination, Contrôle) e iniciou oficialmente o estudo da ciência da administração.

Muitos anos se passaram, mas o desejo de aprimorar a forma de “administrar” os negócios, fez com que Andy Grove, criasse uma forma de estruturar os objetivos inspiradores e medir a sua eficácia com resultados chave, o que ficou conhecido na época por “iMBOs” (“Intel Management by Objectives” em inglês ou “Gerenciamento Intel por Objetivos” em português), e que John Doerr, um de seus discípulos, mais tarde batizaria de OKR e apresentaria ao mundo pelo sucesso na sua aplicação na Google.

Este resgate histórico reforça que, empreendedores, estudiosos, empresários, gestores e líderes no mundo todo, buscam constantemente uma forma de gerenciar seus negócios para obter os melhores resultados, ainda mais diante do cenário de complexidade e incertezas que vivemos atualmente.

Exatamente por essa razão, que o tema do 13º encontro da comunidade de prática de Agile Business Owner é “OKRs: da estratégia à execução”. Um tema relevante por ser um assunto que ainda é desconhecido e causa grande confusão em muitos gestores. Para esclarecer alguns pontos e trazer uma visão prática desta abordagem, convidamos Ana Venosa, Executive Business Partner da SURYA em São Paulo, que tem no seu currículo uma passagem de 20 anos pela Intel, o berço do OKR. Junto com ela, Márcio Negro de Carvalho, Head de Agilidade da Arezzo&CO, que vem aprimorando a forma de gestão com OKR dentro da empresa e colhendo excelentes resultados.

Como costumo fazer nos artigos que escrevo após os encontros, trago uma visão das lições que tivemos com as duas falas, da Ana e do Márcio, e com o complemento dos debates da manhã com todos os mais de 50 participantes deste encontro.

Não importa muito o que você sabe, importa o que você faz com o que você sabe.

Este é o primeiro aprendizado. De acordo com Ana Venosa, um dos benefícios do OKR está no fato de provocar um pensamento crítico que é crucial para empresas que estão em processo evolutivo. Isso porque, OKR traduz a estratégia e traz para a execução, logo, direciona para uma governança em que a análise de para onde se quer chegar é constante. E mais que isso, o pensamento crítico está justamente no valor gerado e não apenas na entrega, ou seja, você mede o impacto.

Algo que ficou muito claro na fala do Márcio, da Arezzo&CO, que trouxe o relato de que a empresa vem desde 2018 no seu processo de transformação digital, e que, evoluiu seu negócio, tornando-o preparado para um mundo digital. E como especificamente a Arezzo&CO demonstra estar preparada para o mundo digital, quando falamos em resultados? Segundo Márcio, os resultados dos negócios digitais da companhia, que em 2019 representavam 15%, em 2020 passaram a representar 60%. Isso comprova que como muitas empresas, a Arezzo&CO sabia o que fazer, a diferença, é que ela soube o que fazer com o que sabia.

“Se você concluir todas as suas tarefas, mas nada melhora, isso não é sucesso”

Christina Wodtke

O importante é saber o porquê fazer e não apenas o que fazer

Mais do que seguir um método, OKR prega uma nova forma de pensar. Voltamos ao pensamento crítico, mas, mais que isso, ao sentido dos objetivos de uma organização. Muitos são os casos de empresas “contratarem OKRs” mas na verdade o modelo é o de metas. Ou seja, algo que apenas é passado a diante sem um alinhamento e muito menos capaz de engajar. Dentro de um modelo em OKR, segundo Ana Venosa, os times participam da elaboração dos objetivos e colaboram na execução para alcançar os resultados, existe aqui a oportunidade de debater “o porquê” se escolheu determinado caminho.

Um dos desejos da Arezzo&CO é ser uma “house of brands” (casa de marcas) como Márcio revelou no seu discurso, mas o que significa isso de fato? Eles partiram para a busca do alinhamento da estratégia entre todos da empresa começando pelo “porque”, a empresa queria que mais do que saber o que fazer, todos entendessem o significado deste desejo de ser uma “house of brands”. Mais que o crescimento e sobrevivência, a Arezzo&CO demonstrou que queria a melhor experiência para seus clientes em todas a plataformas e entregamos sempre os melhores produtos e serviços.

Comprometimento vem com transparência dos objetivos

Diferente de um sistema de metas, o OKR busca o comprometimento sem necessariamente a conexão com bônus e remuneração variável. Isso porque, a essência do modelo é desafiar as pessoas para que suas ações, façam com que a empresa evolua rapidamente, muitas vezes, mirando algo nunca antes realizado. Ana deixou muito claro que o comprometimento está em fazer parte de algo inovador, inspirador.

Algo que vem sendo interpretado pela Arezzo&CO como mais autonomia dos times e um reflexo claro na capacidade de inovar da empresa. O que antes era um mecanismo de cascateamento de tarefas com base na previsibilidade, hoje, o sentimento que impera é a criatividade e a busca pela melhoria, algo que favorece a inovação, pondera Márcio.

O grande aprendizado

A diferença é o modelo de pensar. Todos os métodos podem ser bons, ruins, excelentes e um fracasso. Tudo vai depender das pessoas, como elas interpretam e aplicam os ensinamentos por trás de cada teoria, modelo, filosofia ou framework. O tema central deste encontro foi OKR, mas, o grande aprendizado foi a relação entre as pessoas, de como cada vez mais, esse assunto volta com força a cada novo desafio que nós seres humanos enfrentamos. O contexto empresarial clama por acelerar a retomada de negócios, busca alternativas para rapidamente se adaptar à um contexto totalmente novo para alguns, mas ainda pouco explorado por vários. No final, o que precisamos mais que métodos e processos, são pessoas curiosas, inspiradoras, multiplicadoras e com coragem para tomar decisões diante de um mundo de incertezas. Pessoas que, com o modelo de pensar mais adequado ao seu contexto, criarão coisas extraordinárias que irão beneficiar toda sociedade.

Assista gratuitamente o vídeo deste e dos demais encontros da CoP ABO Brasil

Estas foram algumas reflexões sob a minha ótica do evento. Aproveito e convido você para assistir ao vídeo deste encontro na íntegra, clicando neste link.

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Co-Fundador da ABO Academy, sócio e head de Consultoria na  SURYA | Business Agility Getting Real (2001), uma empresa de consultoria e educação executiva, referência em Agilidade de Negócios no Brasil, que desenvolve programas de aceleração de resultados baseados nas abordagens Lean, Ágil e Exponencial (ExO).

Formado em Publicidade e Propaganda, especialista em Marketing Estratégico e Mestrando em Ciência da Computação, atua como palestrante, mentor e consultor em projetos de agilidade de negócios e transformação digital de empresas.

Sou um incentivador, estudioso e disseminador dos princípios e valores presentes no papel do Agile Business Owner. Um modelo de liderança para a nova economia digital, que unifica o que há de melhor dos pensamentos Lean, Ágil e Exponencial e torna líderes de negócio agentes inspiradores e catalisadores de mudanças organizacionais.

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