Autor: Luiz C. Parzianello

  • Valor das partes interessadas, perspectiva de negócios e Business Agility

    Valor das partes interessadas, perspectiva de negócios e Business Agility

    Em diversas empresas, os roteiros de transformação tendem a ter um foco pensado em tecnologia, a ponto das organizações investirem milhões de dólares em iniciativas sem valor comercial.

    Além disso, vários projetos táticos são financiados a cada ano com pouca compreensão de como, ou mesmo se, eles se alinham na perspectiva de negócios.

    A gerência sênior geralmente é vítima das palavras-chave da tecnologia mais recentes. Enquanto o valor das partes interessadas, as questões de negócios e as considerações estratégicas ficam em segundo plano.

    Abordagem voltada aos negócios como solução

    Quando isso acontece, os executivos que deveriam se concentrar em cenários de negócios para melhorar o valor das partes interessadas são vítimas da promessa da tecnologia da próxima grande novidade.

    A abordagem voltada aos negócios substitui os projetos voltados à tecnologia que, historicamente, têm investido um capital significativo. Ao mesmo tempo em que retornam um valor comercial mínimo. 

    Além disso, garante que a execução do processo de transformação seja sustentável, visto que a empresa está conduzindo o esforço no qual os investimentos da iniciativa são diretamente rastreáveis às metas prioritárias de negócios. 

    Quando isso ocorrer, todos estarão focados em atingir os mesmos objetivos, atrelados às mesmas perspectivas de negócios, independentemente da tecnologia envolvida.

    Como percebo o valor das partes interessadas e a perspectiva de negócios

    Sendo assim, modelos de negócios aderentes aos princípios da Nova Economia Digital são centrados no cliente e enfatizam a entrega de valor com uma ótima experiência de ponta a ponta no consumo de produtos e serviços. 

    Mas isso exige um forte equilíbrio estratégico de resultados das perspectivas financeira, do cliente, do mercado e social. Em outras palavras, o impacto que nossas empresas têm sobre esses quatro elementos.

    Na prática, vemos poucos líderes empresariais engajados na solução desse problema. Logo, ou a alta direção está investindo maciçamente em projetos de tecnologia, sem perspectiva de retorno no curto prazo.

    Ou está mantendo a famosa tática de buscar resultados de eficiência no curto prazo, mas perdendo diferenciais competitivos e valor no longo prazo.

    Precisamos reorientar o negócio, entendendo que nossos clientes são a razão de nossa existência (e o centro de nossas atenções). Mas também equilibrando o impacto positivo e o valor das partes interessadas.

    Portanto, se Business Agility é desenvolver novas capacidades organizacionais que resultem em vantagem competitiva para nossas empresas, devemos tornar nossa estratégia de transformação organizacional verdadeiramente orientada para os negócios.

    Isto é, os negócios da Nova Era Digital.

    Por isso, uma abordagem efetiva de Agilidade de Negócios deve apoiar as transformações voltadas aos negócios.

  • Mudanças orientadas ao negócio: estado futuro desejado e Business Agility

    Mudanças orientadas ao negócio: estado futuro desejado e Business Agility

    Se Business Agility pode ser considerada o modus operandi das empresas que mais se destacam na Nova Economia Digital, então deveria se transformar em um tema estratégico da alta gestão empresarial. 

    Logo, também se tornando o estado desejado dos líderes e gestores de negócios nos próximos anos. Confira mais sobre mudanças orientadas ao negócio pela perspectiva de Business Agility.

    Business Agility como tema estratégico

    Como tema estratégico, sua análise deve considerar o estado presente, o estado futuro desejado e os riscos associados ao negócio. Bem como, a abordagem de transformação organizacional que irá levar do presente para o futuro de forma sustentável.

    Diante disso, podemos conceber uma estrutura da mudança genérica orientada ao negócio (Business Driven Transformation) que busca viabilizar um crescimento exponencial sustentável.

    Consequentemente, alavancando os resultados e antecipando o retorno de investimentos das iniciativas (conforme figura abaixo).

    Mudanças orientadas ao negócio

    Afinal de contas, um verdadeiro “dono do negócio” (Business Owner) deve estar mais preocupado com o impacto positivo em todas as partes interessadas do que com as soluções que serão adquiridas ou desenvolvidas para viabilizar o mesmo.

    Mudanças orientadas ao negócio e estado futuro desejado

    Dito isso, posso adiantar que o maior problema enfrentado pela maioria das empresas está relacionado com a análise do estado futuro desejado. 

    Por que? A maioria dos executivos tem dificuldade de:

    • Sintetizar a visão de cenários futuros;
    • Alinhar os critérios de sucesso com a liderança;
    • Inspirar a mudança em todos os colaboradores;
    • Avaliar os impactos da mudança no ambiente; e,
    • Tornar clara a estratégia de transformação.

    Como você enxerga isso e as mudanças orientadas ao negócio? Quer trazer os seus reais problemas de negócio para serem discutidos com outros executivos e especialistas?

    Então, matricule-se na primeira edição do ano do curso Agile Business Owner Foundations (16h).

    Será realizada de 7 a 30 de Março de 2023, com 8 encontros de 2h cada realizados às terças e quintas das 19h às 21h (4 semanas de curso).

    Espero você lá!

  • O papel do Business Owner no contexto de Business Agility

    O papel do Business Owner no contexto de Business Agility

    Comento bastante sobre a questão do Business Owner. Mas acho importante termos clareza e uma definição mais consistente desse papel no contexto de Business Agility.

    O papel de Business Owner no contexto de Business Agility

    Aqui está a definição que adotamos no modelo Agile Business Owner™, oferecido com exclusividade pela ABO Academy:

    “O Business Owner é a função responsável por gerir um determinado contexto empresarial e gerar valor para todos os stakeholders. A sua missão é desenvolver novas capacidades de negócio que suportam a evolução organizacional e o crescimento sustentável da empresa.”

    Em outras palavras, a missão de um Business Owner está diretamente relacionada à geração de valor para todo o ecossistema organizacional:

    • Valor potencial no desenvolvimento de capacidades (para sustentar, crescer, acelerar e evoluir); e,
    • Valor real na geração de resultados (finanças, cliente, mercado e sociedade).

    Redução do papel e miopia gerencial

    Por outro lado, entender o papel do Business Owner apenas do ponto de vista de uma equipe de desenvolvimento de produto, como um “cliente interno” daquela organização, é uma demonstração de miopia gerencial. 

    Assim como, demonstra falta de visão estratégica da alta direção e o desentendimento de Agilidade de Negócios.

    Então, para que Business Agility aconteça na sua empresa, seus Business Owners precisam:

    • Estar cientes do número ilimitado de oportunidades na Nova Economia Digital (abundância);
    • Ter consistência no desenvolvimento das capacidades (estratégia);
    • Ter consistência na execução das mudanças que irão apoiá-los (portfólio e governança).

    Por isso, questiono: quantos líderes e gestores você identifica em sua empresa com as competências necessárias para atuar como um verdadeiro Business Owners?

    Se você ainda não conhece nossos modelos Agile Business Owner e Business Agility Getting Real™, nos chame para que possamos te mostrar como estamos acelerando o crescimento de diversas grandes empresas no Brasil.

    Além disso, estamos transformando o modelo mental de seus líderes e gestores.

  • Modelo BOCCM: adaptação para o contexto de Agilidade de Negócios

    Modelo BOCCM: adaptação para o contexto de Agilidade de Negócios

    O modelo BOCCM (Business Ownership Core Concept Model) é resultado da adequação do modelo BACCM (Business Analysis Core Concept Model).

    Te conto mais sobre esse processo e entendimento nas discussões a seguir.

    Modelo BOCCM e o papel do Business Owner

    Começo com uma pergunta chave: como líder ou gerente de negócios, você está ciente do papel que precisa desempenhar como Business Owner para tornar Business Agility uma realidade em sua empresa?

    Adaptamos o Business Analysis Core Concept Model (modelo BACCM) do International Institute of Business Analysis (IIBA) ao contexto de Business Agility. 

    Assim, o resultado foi o Business Ownership Core Concept Model (modelo BOCCM), uma nova versão do modelo que define as responsabilidades do papel de líder empresarial que atua como agente de mudança nas organizações.

    Confira essas responsabilidades:

    • LÍDER DE NEGÓCIOS/BUSINESS LEADER: responsável por um determinado contexto de negócios e pela geração de valor para os stakeholders.
    • AGENTE DE MUDANÇA/CHANGE AGENT: responsável pelas necessidades do negócio (novas capacidades organizacionais), pela abordagem das soluções (novos recursos para adquirir ou desenvolver) e pela estratégia de transformação (gestão da mudança).

    Crescimento sustentável do negócio e novas capacidades organizacionais

    Então, com base no modelo BOCCM, desenvolvemos a mais completa e consistente definição do papel de Business Owner que você poderá encontrar no mercado:

    “Business Owner é um papel responsável por um determinado contexto de negócios e pelo valor entregue para seus stakeholders. Sua missão é possibilitar o crescimento sustentável do negócio, desenvolvendo novas capacidades organizacionais (necessidades) por meio da gestão integrada de seus recursos (soluções) e iniciativas de transformação (mudanças).”

    O infográfico na sequência é uma outra maneira de entender o modelo BOCCM.

    modelo BOCCM2

    Em outras palavras, o Business Owner é encarregado por sustentar, crescer, alavancar e evoluir os negócios. 

    Por isso, é um papel que deve ser exercido desde a alta direção/gestão até os líderes dos programas estratégicos de transformação organizacional.

    O que você pensa dessa nova visão do papel de Business Owner? Você se sente capaz de orquestrar e executar com sucesso todas as responsabilidades de gerenciamento e liderança que essa função exigirá em Business Agility?

    Logo, pense sobre isso e vamos conversar mais sobre!

    O modelo BOCCM apresentado brevemente aqui é um dos vários desenvolvidos pela ABO Academy para apoiar o desenvolvimento profissional de Business Owners com o Agile Business Owner™ Framework.

    Quer saber mais, entre em contato com a ABO Academy e aproveite para conhecer nosso Programa de Educação do Agile Business Owner.

  • Estamos evoluindo nossas organizações na velocidade com que a tecnologia evolui?

    Estamos evoluindo nossas organizações na velocidade com que a tecnologia evolui?

    Não foi fornecido texto alternativo para esta imagem

    40 anos após a publicação desse artigo na Mansfield News-Journal, em 18 de Abril de 1963, prevendo que o telefone caberia em um bolso, um computador inteiro estava prestes a caber no bolso de uma calça jeans (o iPhone seria lançado em 2007).

    De lá para cá, você já parou para pensar na quantidade de recursos tecnológicos que temos à nossa disposição nos dias de hoje, somente 15 anos após o lançamento do iPhone. Você é capaz de perceber a velocidade com que a tecnologia tem acelerado a própria capacidade de desenvolvimento de novas tecnologias?

    Em 1965, Gordon Earl Moore, um dos cofundadores da Intel, afirmou que que o poder de processamento dos computadores (entenda computadores como a informática geral, não os computadores domésticos) dobraria a cada 18 meses. Essa afirmação acabou de tornando conhecida como a Lei de Moore, e já vem sendo considerada ultrapassada diante das novas evoluções tanto hardware (Computação Quântica) quanto de software (Inteligência Artificial).

    Raymond Kurzweil, um inventor, escritor e futurista norteamericano, estendeu a Lei de Moore em seu ensaio A Teoria das Mudanças Aceleradas, escrito em 2001, descrevendo o crescimento exponencial do progresso tecnológico. Para ele, a lei de Moore descreve um padrão de crescimento exponencial na complexidade dos circuitos integrados de semi condutores, motivo pelo qual estendeu a mesma para incluir as tecnologias de antes do circuito integrado até as novas formas de tecnologia que estão sendo desenvolvidas.

    “Sempre que uma tecnologia encontra algum tipo de barreira, uma nova tecnologia vai ser inventada para que possamos atravessar essa barreira.”, diz Kurzweil. Ele cita vários exemplos do passado para fundamentar suas afirmações. Ele prevê que as mudanças de paradigma resultarão em “mudanças tecnológicas tão rápidas e profundas que representarão uma ruptura no tecido da história humana”. Kurzweil acredita que a teoria das mudanças aceleradas irá implicar numa singularidade tecnológica por volta da primeira metade do século XXI, em 2045.

    Agora, vamos fazer um ensaio mental e antecipar um pouco as previsões de Kurzweil e imaginar quais tecnologias poderíamos estar utilizando em nossas empresas daqui a a 10 anos, por volta do ano 2033. Ou seja, 70 anos à frente daquele artigo da Mansfield. Conseguiu elencar pelo menos algumas tecnologias que estão sendo referenciadas pela mídia nos últimos tempos? Blockchain, metaverso, Inteligência Artificial, 5G, Internet das Coisas (IoT), impressão 3D, entre muitas outras.

    Pronto? Então faça para si mesmo as seguintes perguntas:

    Quais estilos de liderança e gestão a minha empresa estará praticando daqui a 10 anos? Estamos desenvolvendo novas capacidades organizacionais no mesmo mesmo ritmo que as novas oportunidades de negócios estão sendo criadas no contexto de uma economia cada vez mais digital? Será que nossos nossos atuais modelos de gestão e liderança podem se tornar uma grande ameaça para o crescimento dos nossos negócios?

    Na minha opinião, empresas que pretendem acelerar o crescimento e impactar positivamente todas as partes interessadas, não somente pelo uso de novas tecnologias, mas principalmente pela inovação dos modelos de gestão e liderança promovidos pela Business Agility, devem discutir sua estratégia no longo prazo, considerando o impacto das novas tecnologias como habilitadoras desse crescimento. Só que essa discussão irá depender diretamente da visão e engajamento da liderança com o estado futuro desejado para os seus negócios.

    Como muito bem observou Winston Churchill, “Estamos transformando o mundo mais rápido do que nós mesmos podemos nos transformar, e estamos aplicando no presente os hábitos do passado” e isso deve ser levado a sério por todo líder de negócio que estiver à frente das iniciativas estratégicas da empresa.

    Pense nisso! E conte conosco para refletir sobre os possíveis cenários futuros de sua empresa e os modelos de gestão e liderança, baseados em Business Agility, que tornarão esse cenários uma realidade.

  • 20 premissas AVANÇADAS para você dominar a jornada da Business Agility

    20 premissas AVANÇADAS para você dominar a jornada da Business Agility

    Este artigo foi originalmente publicado na língua inglesa,
    na newsletter Business Agility Getting Real, no LinkedIn.

    No artigo anterior, 20 premissas BÁSICAS para a Business Agility acontecer na sua empresa, introduzi o racional que existe por trás do modelo Business Agility Getting Real™. Em seu conteúdo, apresentei as premissas básicas de gestão e liderança que utilizamos para construir esse poderoso metamodelo que irá guiá-lo na jornada de desenvolvimento da verdadeira Agilidade de Negócios.

    Quando digo verdadeira Agilidade de Negócios é porque, na minha opinião, uma agilidade DE NEGÓCIOS deveria ser sobre negócios, não é verdade? As 20 premissas básicas do modelo servem para estruturar o pensamento do Agile Business Owner e fazer com que ele/ela compreenda como iniciar uma jornada de transformação orientada a negócios. Neste artigo, concluirei o racional do modelo demonstrando as 20 premissas avançadas que servirão de guia para você dominar a jornada de transformação orientada a negócios.

    Mas antes, gostaria de recapitular alguns conceitos importantes para você que está lendo meus artigos pela primeira vez.

    Da Agilidade Operacional para a de Negócios

    Basicamente, o pensamento ágil essencial parte do nível operacional do desenvolvimento de produto, que foca na entrega de valor para o cliente por meio da simplicidade, colaboração, reflexão e melhoria continua da forma como trabalhamos (Heart of Agile, by Alistair Cockburn).

    Posteriormente, o pensamento ágil evoluiu para o nível organizacional, expandindo seu impacto para todas as partes interessadas da organização (Make People Awesome). Ele passou a ter como foco a entregar contínua de valor em ambientes complexos, a partir de uma cultura de rápida experimentação e aprendizagem sustentada por um ambiente psicologicamente seguro (Modern Agile, by Joshua Kerievsky).

    Atualmente, estamos na era da Agilidade de Negócios (ou Business Agility em inglês), que busca desenvolver novas capacidades organizacionais para viabilizar o crescimento e encantar todas as partes interessadas, até mesmo com um impacto positivo na sociedade. Enquanto Kerievsky propõe o princípio Make People Awesome no contexto da segunda onda da agilidade (Agilidade Organizacional), proponho o princípio Make Business Awesome para a sua terceira onda (Agilidade de Negócios).

    Diante disso, idealizamos o modelo Business Agility Getting Real™ como um guia para tornar o negócio incrível por meio de uma transformação organizacional genuinamente orientada a negócios, feita a partir da perspectiva de seus Business Owners. Sua estrutura básica, apresentada no artigo anterior e ilustrada na figura abaixo, tem como base as seguintes premissas essenciais oriundas da gestão empresarial:

    1. Todo indivíduo é influenciado pela cultura organizacional, que é o reflexo direto do modelo de gestão determinado por sua liderança (relação primordial de causa-efeito).
    2. Para se tornar incrível, toda empresa deve encantar seu ecossistema, entregando resultados, práticas e experiências incríveis para todas as partes, e viabilizando a realização pessoal de seus colaboradores (o que queremos).
    3. Negócios incríveis demandam líderes incríveis que atuam como agentes de mudança de todo ecossistema organizacional que transcendem os aspectos internos da organização (porque queremos).
    4. Negócios incríveis demandam uma capacidade incrível de orquestrar seus problemas e endereçar as respectivas soluções nos níveis estratégico, tático (do portfólio) e operacional, acelerando a geração de valor a partir dos três primeiros elementos (como faremos).

    A partir desta introdução, vamos retomar o objetivo original deste artigo que é apresentar as premissas avançadas para concluir o modelo Business Agility Getting Real™.

    10 Premissas Avançadas para Desenhar a Jornada

    As 10 primeiras premissas avançadas do modelo Business Agility Getting Real™ têm como foco o lado direito do diagrama (estratégia e liderança), que está diretamente relacionado com as responsabilidades da alta gestão da empresa.

    Elas iniciam expondo a necessidade de uma liderança transformacional, que inspira a mudança e estimula a confiança em todos os membros da equipe (primeiras cinco premissas). Depois, avançam para a necessidade de um pensamento estratégico exponencial, capaz de desafiar a inércia do sistema organizacional vigente (últimas cinco).

    As 10 primeiras premissas avançadas confirmam o interesse da alta gestão de tornar o negócio incrível a partir da visão inspiradora dos seus líderes e de estruturar a estratégia de transformação visando a aceleração do crescimento organizacional. Ou seja, são premissas concebidas para garantir o desenho da jornada de transformação orientada a negócios.

    LIDERANÇA TRANSFORMACIONAL

    1. O objetivo de toda transformação orientada a negócios deve ser o de “Tornar o Negócio Incrível” (resultados, práticas, experiências e realização pessoal).
    2. A liderança deve inspirar a transformação a partir de um propósito maior que transcende a própria organização (pessoas e sociedade).
    3. O propósito deve despertar um sentimento de identidade e missão em todas as partes do ecossistema organizacional.
    4. A liderança deve confiar na missão de cada indivíduo e também ser confiável perante todas as partes.
    5. Inspiração e confiança são características de uma liderança transformacional.

    ESTRATÉGIA EXPONENCIAL

    1. A liderança deve desenhar a transformação organizacional no longo prazo, a partir de um processo de gestão da estratégia focada nos resultados de negócio e de mercado.
    2. A estratégia de negócios e mercado deve refletir as crenças e valores da liderança para acelerar o crescimento organizacional.
    3. É possível acelerar o crescimento organizacional com a utilização de novas tecnologias e a inovação dos mais diferentes aspectos organizacionais.
    4. As crenças e valores podem estimular diferentes estados emocionais em diferentes partes do ecossistema organizacional, acelerando ou retardando a mudança.
    5. A mentalidade de abundância e crescimento associada à inovação e tecnologia é uma característica comum das Organizações Exponenciais que acelera a mudança.

    10 Premissas Avançadas para Implementar a Jornada

    As próximas 10 premissas avançadas do modelo Business Agility Getting Real™ têm como foco o lado esquerdo do diagrama (operações e portfólio), que está diretamente relacionado com as responsabilidades da gestão média da empresa.

    Elas iniciam com a necessidade do pensamento enxuto na gestão do portfólio de produtos e projetos da empresa, e terminam com a necessidade do pensamento ágil na governança de suas operações. Enquanto a primeira foca na antecipação da entrega de valor para todas as partes interessadas, a segunda foca no aprendizado contínuo de novas formas de trabalho a fim de fazer acontecer a transformação da cultura organizacional.

    Essas últimas premissas confirmam o interesse da liderança pelo novo modelo de gestão organizacional e guiam o caminho do desenvolvimento profissional da gestão média, responsável pela execução da estratégia. Ou seja, são premissas concebidas para garantir que a implementação da jornada de transformação seja orientada a negócios.

    PORTFÓLIO ENXUTO

    1. Os gestores devem implementar a transformação no médio prazo a partir da gestão do portfólio de produtos e projetos estratégicos.
    2. O portfólio de produtos e projetos estratégicos deve garantir o desenvolvimento de novas capacidades organizacionais que viabilizam o crescimento dos negócios.
    3. Desenvolver novas capacidades organizacionais demanda um processo contínuo de experimentação e aprendizagem de negócios.
    4. Um processo contínuo de experimentação e aprendizagem é capaz de produzir novos conhecimentos e habilidades de geração de valor para todas as partes do ecossistema organizacional.
    5. Buscar a perfeição na forma como geramos valor e eliminamos os desperdícios é uma característica comum da mentalidade Enxuta (Lean).

    GOVERNANÇA ÁGIL

    1. Os gestores devem sustentar a transformação no curto prazo a partir da gestão das operações de processos e serviços críticos para o negócio.
    2. Os processos e serviços críticos devem garantir a evolução do ambiente e dos comportamentos organizacionais necessários para suportar a escalabilidade do negócio.
    3. A evolução do ambiente e dos comportamentos organizacionais demanda dos indivíduos melhores atitudes, práticas e hábitos, bem como o uso de melhores artefatos.
    4. Potencializamos a melhoria das atitudes, práticas, hábitos e artefatos pela inspeção e adaptação em ciclos curtos de feedback.
    5. Atuar com ciclos curtos de feedback, com a inspeção e adaptação de todos os aspectos da organização, é uma característica comum do Pensamento Ágil.

    Agora que já introduzi as novas premissas que farão você dominar a jornada de desenvolvimento da Agilidade de Negócios na sua organização, vou apresentar a versão completa do modelo Business Agility Getting Real™, contemplando todas as 40 premissas (básicas e avançadas) em seus elementos:

    Para pensar …

    É muito comum ouvirmos nas empresas que a cultura organizacional vigente é a inimiga das iniciativas de transformação organizacional. Sempre que ouço isso, costumo devolver a seguinte pergunta, claro que com um tom irônico:

    – Podemos agendar uma reunião com a “Cultura” para que eu possamos entender quais os seus medos, crenças e valores que impedem a evolução organizacional?

    Não preciso dizer que a resposta imediata é o silêncio ensurdecedor …
    Mas o que vem depois quase sempre é:

    – O que você quer é conversar com a alta gestão, certo?
    – Sim! Vamos agendar uma reunião com os “donos do negócio” (Business Owners) o mais breve possível.

    Tentei deixar claro nesse artigo que não existe evolução dos negócios (Business Agility) sem uma transformação cultural que combina Lean, Ágil e Exponencial (ExO). Da mesma forma que não existe uma transformação cultural sem um estado desejado que inspira a mudança e catalisa a evolução dos modelos liderança e gestão organizacional.

    O modelo Business Agility Getting Real™ deixa claro que, para acelerarmos a conquista de resultados de nossas transformações ágil e digital, precisamos partir de um belo e atrativo cenário futuro desejado, definido pela alta gestão da empresa. Afinal, são os verdadeiros Business Owners que devem desejar e viabilizar a evolução de suas próprias organizações.

    Não devemos interromper nossas iniciativas Lean-Agile no nível operacional, mas precisamos provocar o pensamento exponencial na alta gestão, estimulando a aceleração do crescimento pelo desenvolvimento de novas capacidades organizacionais.

    Por mais que alguns gestores ainda me digam que o papel do Business Owner não é necessário nas organizações, eu respondo dizendo que ele já existe, só que eles ainda não o perceberam, nem foram qualificados para desempenhá-lo de forma efetiva. Afinal de contas, que membro de alta gestão deixou de querer que seus líderes, gestores e, até mesmo, seus colaboradores pensem com a cabeça de donos de negócio?

    O modelo Business Agility Getting Real™ estimula o debate nas empresas sobre as relações de causa-efeito entre liderança, gestão, cultura e indivíduos, apontando novos caminhos para o desenvolvimento de competências essenciais que irão viabilizar a transformação organizacional.

    No próximo artigo, vou abordar as considerações práticas desse modelo e o papel da liderança no desenvolvimento da Agilidade de Negócios nas empresas, mais especificamente o papel do Agile Business Owner.

  • 20 premissas BÁSICAS para a Business Agility acontecer na sua empresa

    20 premissas BÁSICAS para a Business Agility acontecer na sua empresa

    Este artigo foi originalmente publicado na língua inglesa,
    na newsletter Business Agility Getting Real, no LinkedIn.

    Se você vem acompanhando o meu trabalho já há algum tempo, deve ter percebido que sou muito crítico em relação a forma como o tema Agilidade de Negócios (Business Agility, em inglês) vem sendo tratado por muitos profissionais e empresas. Não quero ser o dono da verdade, mas falar de processos, frameworks e ferramentas como se estivéssemos falando de negócios é um grande erro conceitual. Da mesma forma que falar de Agilidade de Negócios sem o envolvimento dos líderes de negócios é uma miopia gerencial e um risco para a estratégia empresarial.

    Vou iniciar este artigo destacando alguns pontos importantes da minha visão que apresentei nos artigos anteriores:

    • Se a Business Agility é o modus operandi das empresas que têm êxito na Nova Economia Digital, buscando desenvolver novas capacidades organizacionais para acelerar o crescimento e encantar todas as partes interessadas, ela deve ser compreendida como uma vantagem competitiva e um estado desejado da alta gestão empresarial.
    • Para tornar a Business Agility uma realidade nas empresas, precisamos de líderes de negócios que inspirem a mudança e catalisem a transformação organizacional. Ou seja, precisamos desenvolver o papel do Agile Business Owner na estrutura organizacional para fazer com que essa transformação realmente aconteça no nível de negócios.
    • Portanto, podemos pensar numa Agile Business Ownership como o modus operandi dos líderes e gestores que atuam como catalisadores da Business Agility, demandando cinco competências essenciais: Liderança Evolucionária, Estratégia Exponencial, Portifólio Enxuto, Governança Ágil Execução Evolutiva.

    Se você acredita que este raciocínio está correto, faço a seguinte pergunta: Como os líderes e gestores de sua organização estão endereçando a discussão desses temas em suas pautas estratégicas? Precisamos conscientizar os membros da alta gestão de que muitas empresas estão descobrindo melhores formas de liderar e gerenciar negócios no contexto da Nova Economia Digital. Por esta razão, precisamos decidir se é a própria empresa que irá matar o negócio existente (evolução) ou se é a concorrência que poderá fazê-lo quando estiver diante de uma grande oportunidade (declínio).

    Mas qual o estado desejado daqueles que decidem adotar a Agilidade de Negócios como o modus operandi de suas empresas? Na minha opinião, o crescimento acelerado da geração de valor nas perspectivas financeira, do cliente, do mercado e da sociedade, tudo isso em prol de um propósito transformador maior (e massivo, nos termos das Organizações Exponenciais). Ou seja, Business Agility é sobre como tornar um negócio incrível, e Agile Business Owners precisam estar à frente dessa missão, como demonstrei no artigo cujo título faz esta mesma afirmação.

    Mas o que caracteriza um negócio incrível? Como é possível viabilizar um crescimento exponencial sustentável de um negócio? No terceiro artigo, introduzi a fórmula para tornar um negócio incrível e demonstrei as variáveis envolvidas nesse desafio: Resultados, Processos, Tecnologias, Pessoas e Experiências.

    Neste quarto artigo, vou iniciar a construção de um novo raciocínio que irá demonstrar o modelo mental desejado nos líderes e gestores que pretendem tornar seus negócios incríveis, o da Transformação Orientada a Negócios (Business Driven Transformation). Vou introduzir o modelo Business Agility Getting Real™ e suas 20 premissas básicas de gestão e liderança concebidas para guiar os Agile Business Owners na jornada de desenvolvimento da Business Agility em suas organizações.

    (Nem tão) novas premissas para os líderes e gestores

    Afinal, qual o grande problema dos agentes de mudança que buscam desenvolver a Agilidade de Negócios em suas empresas? Será que podemos resumi-lo a transformar a cultura organizacional para o mindset ágil e digital, um objetivo comum no mercado corporativo diante dos desafios impostos pela pandemia? Se as taxas de fracasso das iniciativas de transformação ágil e digital superam a marca dos 70%, como podemos então tornar a Agilidade de NEGÓCIOS uma realidade nas empresas?

    Por mais que vejamos profissionais experientes orientando líderes e gestores a não tratarem os Métodos Ágeis como a bala de prata que irá exterminar todos os problemas organizacionais, o mercado tem feito o contrário. O conceito de agilidade chegou na alta gestão das empresas com cara de solução para todos problemas tático-operacionais, sem subir de fato para o nível estratégico (salvo algumas exceções).

    Para mim, isso é uma consequência direta do discurso da “nova agilidade”, que promete entregar profissionais e equipes de alta performance com métodos infalíveis, gerando uma expectativa de que a produtividade operacional irá aumentar para níveis inimagináveis. Costumo dizer que estamos vivendo a era do “taylorismo ágil”, onde o foco na entrega (eficiência em outputs) superou o da descoberta (eficácia em outcomes), e isso só prejudica o potencial de crescimento empresarial na perspectiva de negócios.

    Como então será possível sair dessa situação? Para começar, levando para a alta gestão um discurso com menos processos e ferramentas e mais capacidades e resultados. Só que esse discurso deve iniciar com premissas básicas de gestão e liderança que muitos profissionais desconhecem ou não colocam em prática no seu dia a dia profissional.

    Uma premissa é um fato ou uma ideia que serve para darmos início à formulação de um raciocínio. Quando me refiro a premissas básicas no contexto da Agilidade de Negócios, estou falando de princípios elementares da gestão e liderança que devem ser considerados por aqueles que irão estruturar e realizar uma transformação organizacional.

    10 Premissas Básicas para Estruturar a Jornada

    Vamos iniciar a construção do nosso modelo Business Agility Getting Real™ com 10 premissas básicas que irão estruturar o modelo mental da liderança para a jornada de desenvolvimento da Agilidade de Negócios:

    1. Toda organização precisa gerar resultados positivos para ser sustentável (valor para as partes interessadas).
    2. Esperamos que todos os colaboradores (indivíduos) se engajem com esses resultados (geração de valor).
    3. Não nos engajamos com os resultados, mas sim com as experiências que eles podem nos proporcionar (benefícios).
    4. Nossas experiências estimulam as práticas (comportamentos) que irão determinar nossos resultados.
    5. Nossas experiências profissionais são reflexo de nossa cultura organizacional (crenças e valores).
    6. A cultura organizacional é reflexo dos modelos de gestão (jeito de fazer).
    7. Os modelos de gestão são determinados pelos modelos de liderança (jeito de ser).
    8. Precisamos evoluir nossa cultura organizacional para transformarmos nossa organização (Make Business Awesome).
    9. Não podemos consertar nossa cultura, mas podemos evoluir nossos modelos de gestão (Business Agility).
    10. Para evoluirmos os modelos de gestão, precisamos mudar os modelos de liderança (Agile Business Ownership).

    Se você é um líder ou gestor que tem a responsabilidade de fazer a Agilidade de Negócios acontecer na empresa, é importante compreender e adotar essas premissas antes de desenvolver qualquer estratégia de transformação. Elas não foram propostas ao acaso, mas sim identificadas nas relações de causa-efeito que considero determinantes para uma abordagem orientada a negócios.

    Diante disso, vou convidá-lo(a) a ler novamente cada uma das premissas acima depois de compreender mais alguns elementos que também considero importantes para a interpretação das mesmas:

    • Os itens 1 e 2 parecem óbvios, pois estão diretamente relacionados a necessidade de qualquer empresa ser sustentável e gerar valor para as partes interessadas, demandando colaboradores que se comprometam com estas intenções.
       
    • No entanto, os itens de 3 a 5 já não são tão óbvios, pois afirmam que o comprometimento só acontece quando houver algum benefício pessoal associado (intenção positiva para o indivíduo). Como nossos resultados dependem de nossos comportamentos e esses são reflexos das nossas crenças e valores, não basta dizer que estamos comprometidos com melhores resultados, precisamos ter crenças evolutivas que suportem o processo que irá conquistá-los.
       
    • Os itens 6 e 7 definem duas relações de causa-efeito ainda desconhecidas por muitos líderes e gestores: É o modelo de gestão que determina a cultura organizacional! Eliyahu M. Goldratt, autor da Teoria das Restrições, disse nos anos 80: “Diga-me como você vai me medir, e então eu lhe direi como eu vou me comportar”. Essa é uma frase célebre da gestão empresarial que aponta para a relação de causa-efeito entre gestão e comportamento (o aspecto mais elementar de uma cultura organizacional). Só que a definição da avaliação de desempenho está no modelo de gestão e quem define esse modelo é a liderança. Portanto, mude o modelo de liderança para determinar o novo modelo de gestão que irá estimular a nova cultura organizacional.
       
    • Os itens 8 a 10 apontam para o grande problema que deve ser endereçado pela alta gestão empresarial: Desenvolver uma cultura de aceleração e crescimento a partir de novos modelos de gestão e liderança organizacional.

    Tenho repetido incansavelmente que abordar o tema Agilidade de Negócios sem ser a partir da perspectiva de negócios é um grande erro conceitual e também estratégico da liderança. Talvez eu esteja errado, mas o mundo ágil consolidou os papéis de Product Owner e Product Manager quando passou a descobrir melhores formas de desenvolver produtos de sofware. Hoje, estamos descobrindo melhores formas de desenvolver negócios num mundo cada vez mais VUCA e digital. Portanto, será uma tendência natural consolidarmos os papéis de Agile Business Owner e Agile Business Leader em nossas organizações se desejarmos desenvolver uma verdadeira Agilidade de Negócios.

    Mas quantos gestores você vê atuando de forma coerente com base nessas premissas? Quanto cursos de liderança promovem esses tópicos em seu conteúdo? Como a academia tem tratado esses temas em seus programas de educação em gestão empresarial? Como VOCÊ aborda essas premissas nos papéis que desempenha em sua organização?

    Observe que comecei com o básico e mesmo assim já é possível perceber um abismo entre aquilo que é feito contra aquilo que é necessário para tornar um negócio realmente incrível. Não sei se você discordou de uma ou mais das premissas acima, mas acho que você irá concordar comigo que É DE RESPONSABILIDADE DA ALTA GESTÃO querer tornar o negócio incrível e fazer com este sonho se torne uma realidade. Você ao menos concorda com isso?

    A figura abaixo ilustra a estrutura essencial que concebemos para representar essas 10 premissas básicas no modelo Business Agility Getting Real™. Observe as setas indicando as relações causais entre os elementos, bem como as duas capas de revistas que nos inspiraram na identificação dos itens 8 e 9.

    Figura 1: Estrutura essencial do modelo Business Agility Getting Real™.

    10 Premissas Básicas para Realizar a Jornada

    Agora, se você compreendeu que as 10 premissas anteriores são as crenças básicas que utilizamos para estruturar nossa jornada de transformação orientada a negócios, as próximas 10 premissas são as crenças básicas que utilizamos para garantir a sua realização:

    1. Encantamos todas as partes pelos resultados incríveis que conquistamos e impactos positivos que causamos.
    2. Resultados incríveis resultam das práticas incríveis que promovemos em todos os aspectos da organização.
    3. Práticas incríveis são estimuladas pelas experiências incríveis que queremos proporcionar.
    4. Experiências incríveis podem ser intensificadas pela conquista da realização pessoal.
    5. Nossos colaboradores devem sustentar uma cultura de experiências incríveis.
    6. Nossos gestores devem estimular um modelo de gestão com práticas incríveis.
    7. Nossos líderes devem inspirar uma evolução que transcende a própria organização.
    8. Nossa estratégia (negócios e mercado) deve estimular a evolução no horizonte de longo prazo.
    9. Nosso portfólio (projetos e produtos) deve viabilizar a evolução no horizonte de médio prazo.
    10. Nossas operações (processos e serviços) devem garantir a evolução no horizonte de curto prazo.

    Da mesma forma como fiz nas premissas anteriores, vou convidá-lo(a) a ler novamente cada um dos itens acima depois de compreender o que há por trás dessas crenças evolutivas:

    • Os itens 11 a 14 estão diretamente relacionados a necessidade primordial de qualquer processo de mudança: a definir o estado futuro desejado. Lembre-se que queremos tornar nosso negócio incrível por meio da Agilidade de Negócios. Por essa razão, precisamos expandir os elementos do lado direito do modelo, convergindo para Resultados Incríveis, Práticas Incríveis, Experiências Incríveis e Realização Pessoal.
       
    • Os itens 15 a 17 têm relação direta com o papel dos líderes, gestores e colaboradores no processo de transformação organizacional. Eles impactam diretamente a cultura organizacional em diferentes níveis de abstração e responsabilidade na gestão empresarial: comportamentos, capacidades, crenças e valores, identidade e missão, propósito maior. Falarei mais sobre esses níveis no próximo artigo.
       
    • Por fim, os itens 18 a 20 definem os três horizontes de análise e planejamento da transformação organizacional a partir das visões operacional, tática e estratégica da empresa. Por mais que sejam óbvias essas três premissas, vemos que muitas organizações estão sofrendo com a incapacidade de direcionar a energia de cada um desses níveis de gestão para o crescimento organizacional. O imediatismo por resultados de curto prazo tem feito a alta gestão descer para o nível tático, esse para o operacional, e este último para o nível de tarefas, sem qualquer crítica à forma como as coisas são realizadas. E isso definitivamente não caracteriza um negócio incrível …

    A figura abaixo ilustra a estrutura que concebemos para representar as 20 premissas básicas do modelo Business Agility Getting Real™.

    Figura 2: Estrutura básica do modelo de Business Agility Getting Real™.

    As 20 Premissas Básicas na Prática

    Agora que você aprendeu as 20 premissas básicas que estruturam o pensamento dos líderes e gestores com o modelo Business Agility Getting Real™, vou encerrar este artigo com algumas considerações práticas.

    O lado esquerdo do modelo representa o estado presente de qualquer organização, com um modelo de gestão que estimula a cultura que determina o comportamento de seus colaboradores e partes interessadas. Já o lado direito é nossa ambição de tornar os negócios incríveis, o estado futuro desejado da alta gestão de encantar todas as partes interessadas.

    Podemos iniciar a transformação no nível operacional, buscando resultados de curto prazo com capacidades de eficiência, eficácia e compliance. Caso nossas mudanças sejam efetivas, iremos gerar valor para o negócio, mas não acelerar o crescimento organizacional, mantendo nossa condição distante do cenário futuro desejado. Afinal de constas, o nível de operações sustenta o negócio vigente e, dificilmente, fará mudanças radicais que comprometam a sua estabilidade. É neste nível que vemos o foco da maioria das iniciativas ágeis acontecer: na Agilidade Operacional.

    Se avançarmos a transformação para o nível do portfólio de produtos e projetos estratégicos, podemos pensar em capacidades de aceleração de negócios. Só que a efetividade das iniciativas neste nível depende da correta orquestração de todas as iniciativas e das equipes responsáveis pelas soluções. É neste ponto que vemos o maior sofrimento das empresas com programas de transformação ágil baseada na Agilidade Organizacional ou Agilidade em Escala, pois não há clareza na estratégia e objetividade na comunicação do cenário desejado. É neste momento que precisamos de uma alta gestão assumindo a responsabilidade de realizar o lado direito do modelo.

    Atuar no nível estratégico de forma a inspirar a mudança e guiar a transformação organizacional é de responsabilidade da alta gestão, só que isso não depende da evolução das iniciativas de transformação ágil e digital nos níveis tático e operacional. A alta gestão precisa compreender que já passou da hora de evoluir aquele velho modelo de planejamento estratégico anual para um novo modelo de gestão da estratégia que sustenta a descoberta e a entrega contínua de valor para o negócio. E ela deve fazer isso em ciclos curtos de revisão da estratégia (trimestrais) mais adequados para a natureza VUCA e digital do mundo em que vivemos.

    Por fim, podemos ir além dos objetivos exclusivos da própria organização e pensarmos no impacto positivo da nossa presença na comunidade ou sociedade. Empresas modernas exploram a abundância de oportunidades na Nova Economia Digital com um pensamento mais amplo, contemplando todo o ecossistema organizacional. Só que, para fazer isso, é necessário desenvolvermos líderes e gestores da Nova Economia Digital com capacidade de inspirar a transformação organizacional a partir de um genuíno propósito transformador. Sabemos que uma empresa pode entregar resultados incríveis no nível da estratégia, mas é neste nível da liderança exponencial que entregaremos grandes experiências para todas as partes interessadas.

    Para pensar …

    Apresentei neste artigo as 20 premissas básicas de gestão e liderança do modelo Business Agility Getting Real™. Elas foram concebidas para estruturar o modelo mental do Agile Business Owner no início de sua jornada de transformação organizacional rumo à Agilidade de Negócios.

    Espero que tenha ficado claro nesse conteúdo que a Agilidade de Negócios demanda muito mais do que disseminar os valores e princípios do Manifesto Ágil por toda a empresa. Para fazer a Agilidade de Negócios acontecer nas empresas, é necessário reinventar a forma de pensar da liderança e evoluir o modus operandi dos sistemas de gestão na perspectiva de negócios. Acredito que esta seja a única forma de viabilizarmos um negócio incrível como estado futuro desejado de nossa transformação organizacional.

    Para aqueles que já atuam sob o discurso das abordagens Lean-Agile, essas premissas farão todo o sentido e entrarão no repertório de um discurso inspirador catalisador da mudança. Para os demais, que ainda sustentam crenças limitantes apegadas a princípios de gestão do século passado (até mesmo em ambientes que se dizem “ágeis”), essas 20 premissas não passam de mera teoria, motivo pelo qual continuarão cobrando aumento de produtividade de suas equipes e perpetuando índices superiores a 70% de fracasso na transformação ágil e digital. Mas é um direito de todos continuar atuando da mesma forma como atuam há anos …

    Continuarei a construção do raciocínio no próximo artigo, apresentando as 20 premissas AVANÇADAS desse modelo, completando o diagrama com os 12 elementos que faltantes nos horizontes da gestão e liderança nas perspectivas da cultura e do indivíduo.

  • Afinal, existe uma fórmula para tornar os negócios incríveis?

    Afinal, existe uma fórmula para tornar os negócios incríveis?

    No artigo anterior, defendi que Agilidade de Negócios é sobre como Business Owners podem tornar seus negócios incríveis. Fiz isso indo além da visão tradicional de produtos, processos e pessoas do pensamento ágil, ressignificando os dois primeiros princípios do Manifesto na perspectiva de negócios.

    Concluí o raciocínio afirmando que um negócio incrível é aquele que gera resultados incríveis para todas as partes do ecossistema organizacional, promovendo experiências incríveis com pessoas, tecnologias e processos incríveis.

    Neste artigo, darei continuidade ao racional que estou desenvolvendo sobre Agilidade de Negócios com a nossa Fórmula dos Negócios Incríveis. Ela é, literalmente, uma equação que criei com Mateus Piveta, meu sócio na SURYA e ABO Academy, para estimular em líderes e gestores de negócios a compreensão do que realmente é prioridade estratégica no contexto da Nova Economia Digital.

    Mas qual o objetivo de formular matematicamente o que realmente importa para um líder de negócios quando o assunto é Agilidade de Negócios? Explicitar não somente os elementos mais críticos no pensamento estratégico da aceleração de negócios, como também a interdependência entre esses elementos. É isso que abordo neste artigo com a Fórmula dos Negócios Incríveis.

    Se você é um líder ou gestor de negócios, até mesmo um especialista responsável por um programa de transformação ágil e/ou digital em sua empresa, espero que esta fórmula possa guiar suas próximas decisões e estimular um senso de urgência diante do potencial de crescimento de negócios no contexto da Nova Economia Digital. Mas, antes disso, vem a seguinte pergunta: Por que formular uma ideia utilizando uma equação?

    Formulando Ideias com Equações

    É muito comum vermos o termo fórmula sendo utilizado como uma forma padronizada de agir e se expressar para conquistar um objetivo. Um procedimento que leva ao sucesso ou fracasso num determinado contexto de negócio. Ou seja, um conjunto de passos que devemos seguir ou evitar a partir do que já foi feito e aprendido anteriormente.

    Só que o termo fórmula também pode representar uma equação na matemática, uma declaração de que duas expressões são iguais. Por exemplo,

    A = B + C

    Uma terceira opção é juntar os dois conceitos para formularmos uma ideia na forma de equação. Este é um artifício antigo utilizado por especialistas para demonstrar como um elemento maior pode ser decomposto em elementos menores, indicando as relações de interdependência entre os mesmos. Neste caso, o objetivo é utilizar as constantes, as variáveis e suas relações para passar algum ensinamento qualquer.

    Vou apresentar três exemplos desta técnica para demonstrar como algumas fórmulas são capazes de estimular a compreensão de uma ideia e da natureza de seus elementos essenciais.

    1) A Fórmula do Sucesso

    A Fórmula: As cinco leis científicas que explicam as causas do sucesso (The Formula: The Universal Laws of Sucess, do original em inglês) é um livro escrito pelo físico e cientista Albert-László Barabási, um dos maiores especialistas mundiais em Teoria das Redes, que propõe a seguinte fórmula para o sucesso:

    S = Q x r

    Para ele, o sucesso (S) de uma pessoa resulta do valor de suas ideias (r) multiplicado pela capacidade de execução das mesmas (Q). Faz sentido para você? O que você acha de pensar que o nosso sucesso tem relação direta com a genialidade de nossas ideias e a nossa incrível capacidade de execução? Talvez falte uma pitada de sorte nesta equação! 😉

    2) The Dude’s Law (A Fórmula do Valor)

    Dude era o apelido do saudoso David Hussman, um grande cara com uma grande mente e um grande coração. Infelizmente, foi vencido por um câncer pulmonar no dia 18 de agosto de 2018. Ele tinha esse apelido pela grande semelhança com o personagem de mesmo apelido interpretado por Jeff Bridges no filme O Grande Lebowski (1998).

    Pois bem, eu tive a grata satisfação de sentar com ele num café aqui em Porto Alegre em 2009, cidade onde vivo no sul do Brasil, para ouvi-lo explicar a sua fórmula do valor, a Lei de Dude:

    V = W / H

    David dizia que buscava uma representação matemática tão simples quanto a Lei de Ohm (R = V / I) para explicar para o mundo ágil que Valor (V) tem uma relação direta com o Porquê (Why) fazemos o que fazemos e indireta com o Como (How) fazemos.

    Ou seja, problemas de grande relevância que demandam pouco esforço na execução (simplicidade) têm muito mais valor que problemas de baixa relevância que demandam grande esforço na execução (complexidade). E olha que é comum vermos equipes se perdendo em discussões infindáveis sobre como atenderão suas demandas sem saber porque elas precisam ser feitas!

    O que você achou dessa grande sacada do querido Dude?

    3) A Fórmula da Amizade

    Jack Schafer, ex-agente especial para o Programa de Análise Comportamental da Divisão de Segurança Nacional do FBI, conta em seu livro Manual de Persuasão do FBI que cientistas norte-americanos são recrutados pelos chineses com uma técnica chamada Fórmula da Amizade:

    Amizade = Proximidade + Frequência + Duração + Intensidade

    Schafer aprendeu em suas atividades no FBI que é possível acelerarmos o desenvolvimento de uma amizade com qualquer pessoa se trabalharmos corretamente as seguintes variáveis no relacionamento: a) a nossa proximidade e também a exposição perante o outro, b) a frequência e c) a duração dos contatos que fazemos com o outro indivíduo, e d) a intensidade de cada um desses contatos (satisfação das necessidades psicológicas e/ou físicas da outra pessoa, seja por comportamentos verbais ou não verbais).

    O que você achou desta fórmula? Para mim, é um jeito racional de explicar a técnica de Rapport, uma das principais técnicas de persuasão da PNL.


    Mas o que tudo isso tem a ver com Agilidade de Negócios ou com tornar um negócio incrível? A liberdade para criarmos a nossa própria Fórmula dos Negócios Incríveis! Veja a lógica que utilizamos para construir a equação.

    Construindo a Fórmula dos Negócios Incríveis

    Para um Engenheiro Eletrônico (minha formação acadêmica), modelar sistemas complexos com equações lineares e não lineares é algo natural durante a sua formação profissional. Porém, estamos falando de organizações empresariais, sistemas dinâmicos complexos cujos comportamentos e resultados dependem diretamente das crenças e valores de sua alta gestão e da natureza cada vez mais VUCA e digital do mundo em que vivemos.

    Não sou tão pretencioso a ponto de tentar formular toda essa complexidade das organizações numa única equação. Tampouco acredito que seja possível simplificar os fatores críticos de um negócio incrível numa simples equação linear. Porém, já sabíamos que nossa fórmula dos negócios incríveis deveria ser construída a partir da seguinte premissa que construí no artigo Agilidade de Negócios é sobre como Business Owners podem tornar seus negócios incríveis:

    Um negócio incrível é aquele que entrega resultados e experiências incríveis para todas as partes de seu ecossistema organizacional, fazendo isso com pessoas, processos e tecnologias incríveis.

    Para nós da ABO Academy, tornar um negócio incrível se tornou o mantra dos Agile Business Owners, um papel de gestão e liderança que busca desenvolver novas capacidades organizacionais (pessoas, processos e tecnologias) com o objetivo de alavancar os resultados de negócio e impactar positivamente seus clientes e demais partes interessadas (experiências).

    Mas e os produtos e serviços? Não fazem parte desta lista de fatores críticos de sucesso de um negócio incrível? Pense que todo produto é resultado de um serviço, e que o valor dos mesmos é avaliado pelo impacto positivo que geram na vida de seus consumidores e demais partes interessadas. Portanto, eles são meios para a conquista de resultados e experiências na perspectiva de negócios. Se os mesmos não estão dando os resultados esperados, podemos atualizá-los, substituí-los ou até mesmo descontinuá-los. Você seria capaz de descontinuar o próprio negócio? Talvez, mas como Business Owner você realmente descontinuaria um produto.

    Voltando à Fórmula dos Negócios Incríveis, combinamos numa única equação os fatores críticos de sucesso que tornam um negócio incrível segundo a nossa premissa acima:

    Onde:

    • Ri representa os resultados incríveis do negócio (crescimento exponencial sustentável),
    • ∆t  representa os processos incríveis que aceleram o crescimento (capacidades organizacionais),
    • Ti representa as tecnologias incríveis que habilitam a aceleração (recursos),
    • Pi representa as pessoas incríveis que viabilizam a evolução organizacional (talentos), e
    • Ei representa as experiências incríveis que engajam as pessoas (cultura organizacional).

    Precisamos ter em mente que todo negócio deve gerar resultados positivos para ser sustentável e impactar positivamente todo ecossistema organizacional. Ou seja, quanto mais incríveis forem os resultados, nas perspectivas financeira, do cliente, do mercado e da sociedade, mais incrível será o negócio. Só que não basta desejarmos um crescimento exponencial sustentável sem trabalharmos no desenvolvimento das capacidades organizacionais que irão alavancar esses resultados. Eis que surgem as demais variáveis da equação.

    O crescimento exponencial é resultado de uma taxa de aceleração constante (e até mesmo acelerada) decorrente do aumento direto do resultado final ou da antecipação de sua conquista. Isto é, podemos acelerar o crescimento de uma empresa desenvolvendo continuamente novas capacidades organizacionais que aumentem a eficiência, a eficácia, os níveis de compliance, a geração de oportunidades e a mitigação de riscos. Um negócio incrível tem processos incríveis que reduzem o lead time (Δt) da entrega de valor e do retorno de investimento realizado em cada nova capacidade organizacional, motivo pelo qual está no denominador da equação. Quanto menor o lead time, mais incrível é o negócio.

    No contexto da Nova Economia Digital, contamos com tecnologias que habilitam a aceleração dos negócios por meio de uma abundância de oportunidades e de recursos que suportam as novas capacidades organizacionais. Esta variável tem uma relação direta com os resultados de negócio se, e somente se, tornarem incríveis tanto os processos quanto as partes interessadas. Quanto mais incríveis foram as tecnologias utilizadas pela empresa para agregar valor e atenuar os desperdícios do ecossistema organizacional, mais incrível é o negócio.

    Nossa quarta variável, que também tem relação direta com os resultados de negócio, é a de pessoas. Negócios incríveis atraem, desenvolvem e engajam pessoas incríveis (talentos) pelo propósito transformador, pela oportunidade de desenvolvimento profissional (maestria) e também pela autonomia de aplicar a maestria na realização do propósito. Em resumo, sem pessoas incríveis não há negócio incrível.

    Por fim, e para concluir o racional da Fórmula dos Negócios Incríveis, pense que não basta contratar e desenvolver talentos para otimizar processos com tecnologias que alavancam os resultados do negócio (a essência de uma transformação Ágil-Digital sem um contexto maior para a mudança). Precisamos estimular o desenvolvimento de uma cultura que sustente uma experiência incrível em todas as partes do ecossistema organizacional. Uma experiência incrível é capaz de potencializar nossas capacidades de crescimento e alavancar nossos resultados pelo senso de pertencimento, propriedade e responsabilidade em todos os membros da organização, sendo colocada no expoente da equação.


    O que você achou deste racional? Fez algum sentido diante dos modelos de gestão e liderança que você vem praticando há anos? Antes de seguir para o próximo tópico, vou deixar mais algumas provocações para você:

    1. Quantos líderes e gestores realmente atuam com foco em resultados de negócio? Lembrando sempre que esses resultados vão além da perspectiva financeira, contemplando também resultados nas perspectivas dos clientes, mercado e sociedade.
    2. Quantos líderes e gestores priorizam sua estratégia de crescimento a partir das capacidades organizacionais que irão viabilizar os resultados, ao invés de ficarem somente demandando a aquisição ou desenvolvimento de recursos?
    3. Quantas novas tecnologias implantadas realmente habilitaram a aceleração do crescimento empresarial?
    4. Quantos talentos são atraídos e desenvolvidos a partir de um conjunto de crenças e valores que estimulam um propósito transformador e busca incessante da maestria profissional e da autonomia para melhoria contínua e inovação?
    5. Por fim, quantos líderes e gestores estão preparados para suportar um ambiente psicologicamente seguro que promove experiências incríveis em todos os aspectos da organização?

    Pois bem, se você acredita que os itens acima são capazes de tornar a Agilidade de Negócios uma realidade nas organizações, vou apresentar como esta equação pode ser colocada em prática hoje mesmo. Se não acredita, talvez o meu discurso não seja para você ou para a empresa em que você atua.

    A Fórmula na Prática: O Fator de Aceleração

    Gostaríamos de ver nossa Fórmula dos Negócios Incríveis se espalhando pelo mundo. Mas digo isso não pelo desejo de nos tornarmos famosos em demonstrar que Agilidade de Negócios é sobre como tornar os negócios incríveis. Mas sim por estimular a mudança do mindset da alta gestão empresarial e dos demais líderes de negócios sobre o que realmente importa numa estratégia de aceleração de negócio.

    Nesta última seção, convido você para mais um momento de análise onde proponho a forma canônica (mais simples) da Fórmula dos Negócios Incríveis:

    Negócio Incrível = Ri x Fa

    Onde:

    • Ri representa os resultados incríveis gerados pelo negócio (crescimento exponencial) e
    • Fa representa o fator de aceleração do crescimento empresarial (crescimento sustentável).

    Você se lembra da Fórmula do Sucesso de Barabási? Pois é, esta versão tem a mesma estrutura, só que agora não estamos falando das ideia geniais do indivíduo mas sim dos resultados incríveis da organização. Também não estamos falando da capacidade de execução do indivíduo, mas sim da capacidade de aceleração do crescimento (que também é execução) da organização.

    O que você achou desta simplificação da fórmula? Com este novo Fator de Aceleração, posso até dar a liberdade para você discordar dos elementos que propomos anteriormente como aceleradores do crescimento (processos, tecnologias, pessoas e experiências incríveis), propondo outros elementos que façam mais sentido para o contexto de sua organização.

    Mas tenha sempre em mente que os novos elementos precisam continuar acelerando o crescimento e o impacto positivo do negócio em todo ecossistema organizacional. Do contrário, o estado futuro desejado para a sua empresa não é o de um negócio incrível da Nova Economia Digital.

    Selecionei algumas dicas para você colocar em prática os nossos elementos da fórmula em sua empresa:

    a) Resultados Incríveis (“Tiros na Lua”)

    Qual a ordem de grandeza dos resultados desejados para a sua empresa num horizonte de até 5 anos? Estão contemplados nesses resultados as perspectivas financeira, do cliente, do mercado e da sociedade? Você é capaz de demonstrar o crescimento exponencial em um ou mais indicadores de desempenho dessas perspectivas?

    Achamos que é injustificável sustentar programas de transformação Ágil e Digital, e ainda por cima falar em Agilidade de Negócios, sem almejar um crescimento exponencial na perspectiva de negócios. Na próxima revisão do planejamento estratégico de sua empresa, pense nas metas ambiciosas (os “tiros na Lua” do método OKR) que irão demandar o desenvolvimento de novas capacidades organizacionais para atingir um patamar muito superior ao que sua empresa se encontra hoje em dia.

    b) Processos Incríveis (Pensamento Enxuto)

    Defendi anteriormente que são os processos organizacionais que definem a capacidade de nossa empresa entregar valor de forma contínua, respondendo rapidamente às demandas dos clientes e adaptando-se às mudanças de mercado. O primeiro estágio da evolução em direção à Agilidade de Negócios deve focar na experimentação e aprendizagem de novas formas de entregar valor e reduzir os desperdícios.

    Processos incríveis resultam da prática disciplinada do Pensamento Enxuto (Lean Thinking) em todos os aspectos da organização. Essa forma de pensar inicia pela otimização dos diferentes fluxos de valor da empresa e evolui para a garantia de seu fluxo contínuo, desde a concepção ou demanda, até a entrega e confirmação do valor.

    Só que recomendamos que esse raciocínio também seja levado para a gestão do portfólio de projetos estratégicos da empresa (Lean Portfolio Management), tratando os programas de desenvolvimento de capacidades organizacionais como uma carteira de investimentos. Com esta forma de pensar, a alta gestão se obrigada a balancear as prioridades e a alocar os recursos nos projetos de forma mais objetiva, sendo coerente com a própria estratégia.

    c) Tecnologias Incríveis (Organizações Exponenciais)

    A terceira variável da nossa equação está associada às tecnologias incríveis das Organizações Exponenciais (Exponential Thinking). Afinal, processos incríveis precisam de tecnologias incríveis para suportá-los, escalando as operações e criando novas oportunidades de negócios no contexto da Nova Economia Digital.

    Para alavancarmos o crescimento dos negócios, precisamos investir em tecnologias exponenciais como Plataformas Digitais, Redes Sociais, Big Data, Inteligência Artificial, Internet das Coisas, Blockchain, entre muitas outras. Não basta pensarmos no uso de tecnologias somente como soluções para problemas de eficiência e eficácia dos processos operacionais. Precisamos pensar no uso da tecnologia como catalisadora de novas oportunidades e até mesmo de inovação para o modelo de negócio. É por esta razão que os programas de Transformação Digital precisam ser menos sobre ferramentas e mais sobre transformação cultural (pessoas) associada à inovação digital (negócios).

    d) Pessoas Incríveis (Pensamento Ágil)

    A quarta variável da nossa equação está associada ao princípio do Modern Agile de “tornar as pessoas incríveis”, em todos os aspectos da organização (partes interessadas). Queremos enfatizar para a alta gestão que, para viabilizarmos os resultados incríveis tão almejados pelas empresas, precisamos de pessoas incríveis atuando como líderes, gestores, colaboradores e parceiros de negócios. Afinal, não é difícil de concordar que são as mentes brilhantes (talentos) que irão compreender e solucionar os verdadeiros problemas de uma organização.

    Cada vez mais, atraímos pessoas incríveis pelo propósito transformador, encantamos pela oportunidade de desenvolvimento de maestria, e engajamos pela autonomia na experimentação e aprendizagem de novos produtos e serviços para acelerar o crescimento do nosso negócio. É por esta razão que recomendamos que a estratégia de aceleração dos programas de Agilidade de Negócios contemple, de forma explícita, um objetivo relacionado à gestão de talentos (atrair, desenvolver e liderar).

    e) Experiências Incríveis

    Por fim, a quinta variável da nossa equação está associada com a busca incessante do encantamento de todas as partes interessadas, indo além do princípio do modelo Modern Agile de “tornar a segurança (psicológica) um pré-requisito”. É importante compreender que não basta termos pessoas incríveis, tecnologias incríveis, processos incríveis e até mesmo resultados incríveis se a cultura organizacional é a causa das experiências tóxicas de clientes, colaboradores e demais partes interessadas.

    Precisamos ser obcecados pelos clientes, como propôs Jeff Bezos nos Princípios de Liderança da Amazon, mas também termos consciência da percepção de valor das demais partes interessadas. Só assim seremos coerentes no design das experiências que pretendemos entregar e consistentes na entrega. Lembre-se sempre de que são as experiências que exponencializam nossos resultados.

    PARA PENSAR

    O discurso da Agilidade de Negócios está cada vez mais presente nas grandes empresas de base tecnológica e nas grandes empresas de consultoria que pretendem “surfar na terceira onda” do movimento ágil no mundo corporativo. O problema é que a maioria continua focando mais em pessoas, processos e produtos (primeira onda) do que no negócio em si (terceira onda). Isso sem contar com aquelas que focam na Agilidade em Escala (segunda onda) como sinônimo de Agilidade de Negócios (ela não garante a aceleração do crescimento dos resultados, mas com certeza garante a aceleração do crescimentos dos custos operacionais).

    Queremos atingir a alta gestão nesta terceira onda do pensamento ágil com um verdadeiro mindset de negócios, o da Business Driven Transformation. Para isso, precisamos conscientizar líderes e gestores de que Agilidade de Negócios é sobre como tornamos nossos negócios incríveis e fazemos isso com os elementos de nossa fórmula. Se o crescimento exponencial é realmente desejado pela alta gestão, as variáveis do nosso Fator de Aceleração devem ser consideradas como objetivos estratégicos prioritários da empresa.

    Independente dos métodos ou frameworks que sua empresa irá utilizar, as abordagens Lean, Ágil e Exponencial são a tríade da base metodológica que você deverá estimular no processo de transformação organizacional. Só que essas abordagens precisam ser traduzidas para a perspectiva de negócios a fim de torná-las efetivas numa Business Driven Transformation.

    Por fim, recomendamos o desenvolvimento das Competências Essenciais da Agile Business Ownership em todos os líderes e gestores de negócios a fim de torná-los as primeiras pessoas incríveis que irão catalisar a evolução organizacional.


    Se você gostou desse conteúdo e deseja utilizar a Fórmula dos Negócios Incríveis em palestras, cursos e artigos, fique à vontade! Só não se esqueça de referenciar este artigo como fonte de referência e marcar a ABO Academy em seus posts nas redes sociais.

  • Business Agility é sobre como tornar um negócio incrível

    Business Agility é sobre como tornar um negócio incrível

    Tenho defendido em meus artigos, e de forma geral na ABO Academy, que Agilidade de Negócios é um conjunto de valores, princípios e práticas utilizados pelas empresas para acelerar o crescimento e impactar positivamente as partes interessadas. Também defendo que, diante dessas duas grandes promessas, a Agilidade de Negócios deve ser tratada pela alta gestão das empresas como um estado futuro desejado de vantagem competitiva no contexto da Nova Economia Digital.

    Só que Agilidade de Negócios não é um método ou framework, tampouco um conjunto de ferramentas que se “implanta” seguindo procedimentos pré-definidos que garantem o sucesso de um negócio. Business Agility é sobre como os Business Owners tornam os seus negócios incríveis desenvolvendo novas capacidades organizacionais que viabilizem:

    1. Responder rapidamente às necessidades dos clientes e demais partes interessadas,
    2. Adaptar-se às mudanças e tendências de um mercado cada vez mais VUCA e digital,
    3. Acelerar o crescimento pela inovação, criando tendências com seus diferenciais competitivos,
    4. Atrair, desenvolver e liderar talentos engajados com o seu propósito transformador, e
    5. Realizar as transformações organizacionais necessárias de forma sustentável.

    Em tempos turbulentos como esses que estamos vivendo, você concorda que acelerar o crescimento de uma empresa é uma conquista de grande mérito para o desenvolvimento de negócios? E que fazer isso impactando positivamente todas as partes interessadas, e até mesmo a sociedade, é algo sensacional e muito difícil de ser copiado por outras empresas?

    Foi com este raciocínio que passei a considerar a expressão Make Business Awesome o mantra dos líderes e gestores que buscam tornar a Agilidade de Negócios uma realidade nas empresas: os Agile Business Owners. Mas o que realmente torna um negócio incrível? Esta é a pergunta central que quero responder neste artigo, mas antes quero dar os devidos créditos às fontes da minha inspiração.

    Torne as Pessoas Incríveis (Make People Awesome)

    Kathy Sierra é uma americana especialista em programação e desenvolvimento de jogos que, nos últimos anos, passou a influenciar profissionais do desenvolvimento de produtos digitais com suas ideias sobre Experiência do Usuário (UX). Eu a conheci há mais de 10 anos, quando assisti o vídeo de sua palestra “Give Your Users Super-Powers“, realizada na conferência Business of Software em 2009, e uma das frases que ouvi naquele evento, e que referencio até hoje, é (minha versão adaptada de seu pensamento):

    Não tente me convencer o quanto seu produto é maravilhoso. Ao contrário, me faça perceber o quanto eu fico maravilhoso utilizando o seu produto.

    Kathy Sierra

    Você é capaz de perceber o quanto poderoso é esse modelo mental pode influenciar a forma como concebemos e desenvolvemos nossos produtos e serviços? Você consegue compreender que este é um perfeito exemplo de Customer Centricity, um dos princípios da Business Agility, que tem como foco a solução dos problemas dos nossos clientes e não somente os problemas de nossas empresas?

    Em seu último livro, “Badass: Making Users Awesome” (2015), Kathy expande sua visão sobre esta perspectiva e recomenda:

    Comece a atualizar seus usuários ao invés de seus produtos. O valor está menos nas coisas que você entrega e mais nas coisas que você viabiliza. Por exemplo, não invista na criação de melhores câmeras, mas sim na criação de melhores fotógrafos.

    Kathy Sierra

    Confesso que Kathy foi umas daquelas sábias pessoas que influenciaram a minha jornada de especialista em Agile Product Management que durou até o final de 2011. Só que o pensamento de Kathy também influenciou o trabalho de  Joshua Kerievsky, um grande nome da comunidade ágil internacional que propôs uma atualização do pensamento ágil por volta de 2016, o modelo Modern Agile.

    Se você vem estudando Métodos Ágeis há algum tempo, é bem provável que já tenha lido ou escutado alguma coisa do modelo Ágil Moderno, ilustrado na figura abaixo. Seus quatro princípios foram baseados no modus operandi das mais inovadoras empresas de tecnologia da informação que evoluíram o pensamento ágil original para o contexto das Lean Startups (modelo desenvolvido por Eric Ries que fez um grandes sucesso a partir de seu livro publicado em 2011):


    • Torne as Pessoas Incríveis
      (Make People Awesome)
    • Entregue Valor Continuamente
      (Deliver Value Continuously)
    • Experimente e Aprenda Rapidamente
      (Experiment and Learn Rapidly)
    • Torne a Segurança um Pré-requisito
      (Make Safety a Prerequisite)

    Veja as palavras que Joshua escreve sobre o primeiro princípio:

    No Ágil Moderno perguntamos como podemos fazer com que as pessoas em nosso ecossistema se tornem incríveis. Isto inclui as pessoas que usam, fazem, compram, vendem ou financiam nossos produtos ou serviços. Aprendemos seu contexto e seus pontos de dor, o que as retém e o que elas aspiram alcançar.

    Joshua Kerievsky

    Observe como Joshua amplia o espectro do impacto positivo de nossos produtos e serviços nas partes interessadas em nossos negócios. Se a missão de uma organização ágil é entregar valor continuamente para todas as pessoas do nosso ecossistema organizacional, precisamos pensar em como torná-las incríveis com nossa proposta de valor. E sabe o que é ainda mais genial nesta relação? Quanto mais valor entregamos, mais incrível ficamos! E quanto mais incrível ficamos, mais valor entregamos. Ou seja, este é um grande ciclo virtuoso de gestão de valor estimulado pela cultura das verdadeiras empresas da Nova Economia Digital.

    Em resumo, Katy Sierra quer que desenvolvedores de produtos enxerguem além das features e foquem nos benefícios que tornarão seus usuários incríveis. Joshua Kerievsky quer que profissionais da agilidade moderna enxerguem além da entrega de valor para seus clientes e foquem nos benefícios que tornarão incríveis todas as pessoas do ecossistema organizacional. O que ambos têm em comum? O foco no impacto de nossos produtos e serviços, e é neste ponto que que venho propor mais uma ampliação do espectro de análise para fazer com que líderes e gestores de negócios pensem em como tornar os seus negócios incríveis.

    Princípios Ágeis na Perspectiva de Negócios

    O Manifesto Ágil teve sua origem no desenvolvimento de software e seus princípios estão diretamente relacionados com as perspectivas de produto, processos e pessoas, com muita ênfase na forma como as equipes colaboram e se auto-organizam para entregar valor para seus clientes e melhorar continuamente sua forma de trabalho.

    Mas o próprio Manifesto nos dá algumas dicas de como devemos evoluir nossa forma de pensar para nos adaptarmos à perspectiva de negócios. Vamos relembrar o conteúdo de seus dois primeiros princípios:

    1. Nossa maior prioridade é satisfazer o cliente através da entrega antecipada e contínua de soluções de valor agregado.
    2. Acolhemos as mudanças de requisitos, mesmo em fase tardia de desenvolvimento. Os processos ágeis aproveitam a mudança para proporcionar vantagem competitiva ao cliente.

    Na minha opinião, esses são os princípios mais próximos da perspectiva da gestão de negócios, só que ainda escrito na ótica de quem entrega produtos e serviços para os clientes de um negócio. O problema desta abordagem de comunicação é que os líderes e gestores de negócios continuarão associnando o pensamento ágil aos níveis tático e operacional de suas organizações. Por sinal, um comportamento muito comum de ser observado em grandes empresas que não nasceram no contexto da Nova Economia Digital.

    Para mudar este cenário, proponho a decomposição desses dois princípios originais do Manifesto em quatro princípios verdadeiramente de negócios, capazes de influenciar a alta gestão e definir o tom do discurso da Agilidade de Negócios nas empresas:

    1. Nossa maior prioridade é impactar positivamente todas as partes do nosso ecossistema organizacional (além dos clientes).
    2. Fazemos isso pelo desenvolvimento contínuo de novas capacidades em nossas organizações (além das soluções).
    3. Aproveitamos as mudanças para desenvolver diferenciais e conquistar uma vantagem competitiva no mercado em que atuamos.
    4. Aceleramos nosso crescimento pela antecipação do retorno de investimentos em nossas mudanças.

    Você percebe a diferença dessa abordagem com o anterior? A responsabilidade por tornar esses princípios uma realidade nas organizações não está mais nas mãos de quem desenvolve produtos e serviços, mas sim de que lidera o negócio, os Business Owners.

    Confesso que já fui criticado por alguns “agilistas” por focar demais na perspectiva de negócios quando me refiro a Agilidade de Negócios. Para defender seus pontos de vista, diziam que eu dava mais importância aos resultados e capacidades do negócio do que às pessoas, processos e produtos que sustentam essas capacidades.

    Alto lá! Se você vai continuar falando dos mesmos aspectos tratados nos últimos 20 anos desde a criação do Manifesto Ágil, por que agora você quer chamar de Agilidade de Negócios? Levar o pensamento ágil para outras áreas da empresa (além da TI) é assunto da Agilidade Organizacional e até mesmo da Operacional. Agilidade de Negócios é sobre como tornamos os nossos negócios incríveis e precisamos traduzir essa forma de pensar para nível estratégico da organização.

    Torne os Negócios Incríveis (Make Business Awesome)

    Steve Denning, um dos pioneiros a promover a agilidade na alta gestão empresarial, defende que a próxima fronteira do Pensamento Ágil está na gestão estratégica das empresas. Seu livro The Leader’s Guide to Radical Management de 2010 já dizia na capa “Re-inventando o local de trabalho para o século XXI: Inspirando Inovação Contínua, Profunda Satisfação no Trabalho e Encantamento do Cliente”.

    Você concorda que esses três elementos apontam para a direção de como tornar um negócio incrível? Este é um pensamento estratégico puro que visa a evolução organizacional com uma perspectiva de negócios de fora para dentro da empresa. Afinal, até mesmo a satisfação profunda com o trabalho depende de um propósito transformador maior, do desenvolvimento de maestria naquilo que escolhemos para nossas vidas profissionais e da autonomia para aplicar nossa maestria na realização desse propósito (a conclusão da pesquisa de Daniel Pink apresentada em seu livro Motivação 3.0 – Drive: A surpreendente verdade sobre o que realmente nos motiva.

    É crucial que você também perceba o discurso estratégico por trás dos diversos modelos de Agilidade de Negócios que estão se consolidando no mercado coporativo. Tente perceber as relações de causa-efeito existentes entre resultados (valor de negócio), capacidades (potencial de geração de resultados) e soluções (recursos que suportam as capacidades). Muitos desses modelos ainda fortalecem os níveis tático e operacional em suas premissas (origem do Ágil), mas outros já estão fortalecendo o pensamento estratégico e elevando o discurso para o nível de negócio.

    Como estratégia não é sobre planejamento mas sim sobre análise e síntese dos cenários atual e futuro de uma organização, dos riscos associados a estes cenários e dos caminhos possíveis para viabilizar a mudança, vou recorrer ao princípio ágil da simplicidade para resumir numa frase o que Business Owners devem saber sobre Business Agility com um mindset estratégico:

    Business Agility é sobre como tornar o seu negócio incrível!

    Sensacional! Mas o que realmente define um negócio incrível? Vamos voltar aos quatro princípios que derivei do Manifesto Ágil para combiná-los com o que aprendemos com Kathy Sierra, Joshua Kerievsky, Steve Denning e Daniel Pink nas seções anteriores:

    1. Se nossa maior prioridade é impactar positivamente todas as partes do nosso ecossistema organizacional, indo além dos nossos clientes, a estratégia de um negócio incrível deve partir de um propósito transformador que impacte até mesmo a sociedade.
       
    2. Se fazemos isso pelo desenvolvimento contínuo de novas capacidades organizacionais, indo além da perspectiva restrita do desenvolvimento de soluções, um negócio incrível conta com pessoas incríveis, processos incríveis e tecnologias incríveis que suportam essas capacidades.
       
    3. Se aproveitamos as mudanças para desenvolver diferenciais e conquistar uma vantagem competitiva no mercado em que atuamos, um negócio incrível se distingue da concorrência pelas experiências incríveis que proporciona para seus clientes, parceiros e colaboradores.
       
    4. Se aceleramos nosso crescimento pela antecipação do retorno de investimentos em nossas mudanças, um negócio incrível gera resultados incríveis como o crescimento exponencial nos drivers de valor financeiro, clientes, mercado e sociedade.

    Acredito que um negócio pode ser considerado incrível pela visão de um líder de negócios da Nova Economia Digital quando ele é suportado por um propósito incrível, resultados incríveis, capacidades incríveis e experiências incríveis. E sabe qual a relação desses elementos com o modelo Modern Agile?

    • Resultados incríveis representam a entrega contínua de valor para líderes pragmáticos;
    • Propósito incrível representa o tornar todas as pessoas incríveis para líderes visionários;
    • Capacidades incríveis representa a rápida experimentação e aprendizagem para líderes coaches;
    • Experiências incríveis representa tornar a segurança um pré-requisito para líderes servidores.

    A diferença é que procurei subir o nível de abstração do modelo para atingir a alta gestão das empresas com um discurso de negócios da Nova Economia Digital (Organizações Exponenciais?). É por esta razão que recomendamos aos Agile Business Owners considerar esses quatro elementos como a representação do estado futuro desejado das organizações que buscam a verdadeira Business Agility. Você conhece algum líder ou gestor de negócio que promove esses quatro elementos em suas ações de nível estratégico, tático e operacional?

    Para Pensar …

    É muito importante para quem realmente quer tornar a Agilidade de Negócios uma realidade nas empresas elevar o nível do seu discurso para além do desenvolvimento de produtos e serviços. Para isso, sabemos que é essencial ter uma visão sistêmica da organização (na realidade, do ecossistema organizacional) e também um pensamento crítico sobre o que é valor ou desperdício diante dos resultados esperados do negócio.

    Se você deseja acelerar a conquista de resultados da transformação ágil e digital de sua empresa, introduza os valores, princípios e práticas da Agilidade de Negócios na alta gestão com um vocabulário verdadeiramente de negócios. Abra mão das abordagens táticas e operacionais com foco em pessoas, processos e ferramentas da agilidade tradicional e pense em como seus líderes irão tornar o seu negócio incrível.

    Para concluir, gostaria de reforçar que pessoas, produtos, serviços, processos e tecnologias continuarão sendo estratégicos para a organização, pois são eles que suportam o desenvolvimento das novas capacidades de crescimento. O ponto é que está na hora de aprender a falar de negócios quem realmente tem a responsabilidade de desenvolver os negócios no contexto da Nova Economia Digital e introduzir o papel do Agile Business Owner como catalisador dessa mudança.

    Por favor, contribua com esta discussão escrevendo seus comentários neste artigo. É importante sabermos qual a visão dos líderes de negócios em relação aos temas que apresentei acima. É com o feedback de vocês que podemos calibrar nosso discurso e aprimorar a forma como a ABO Academy desenvolve Agile Business Owners.


    P.S.: Este artigo foi originalmente publicado na língua inglesa na coluna Business Agility Getting Real que criei no LinkedIn. Se você tiver interesse em assinar sua newsletter ou compartilhar este conteúdo naquele idioma, ficarei muito grato à você.

  • Qual o seu presente de Ano Novo?

    Qual o seu presente de Ano Novo?

    Quem já foi meu aluno, ou já assistiu algumas das minhas palestras, sabe que costumo utilizar diversos ensinamentos milenares, em especial os orientais, para estimular profundas reflexões sobre as principais causas dos problemas de gestão e liderança empresarial. Faço isso para que percebam como a simplicidade de ensinamentos do passado ainda é válida na resolução dos problemas complexos da atualidade.

    Neste último artigo do ano, quero provocar uma reflexão nos líderes e gestores de negócios que pretendem iniciar 2022 com foco na entrega de valor para seus clientes e acelerar a conquista de resultados empresariais com um impacto positivo na sociedade:

    Quais mudanças você pretende realizar na forma como planeja o futuro de sua empresa, gerencia seus negócios, analisa os riscos e oportunidades, identifica os gaps de capacidade e lidera a sua equipe na direção de um estado futuro desejado por todos?

    Vou fazer as minhas provocações combinando um dos mais belos princípios do Manifesto Ágil, o da Simplicidade, com um antigo ensinamento Budista sobre passado, presente e futuro.

    Afinal, você já sabe qual será o seu Presente de Ano Novo?

    A Arte de Viver o Dia-a-Dia

    Um dos sistemas filosóficos que me encantam pela profundidade de seus ensinamentos é o Budismo. Siddhartha Gautama, o Buda, foi um príncipe que viveu por volta de 500 a.C., na região sul do atual Nepal, e que decidiu renunciar ao seu trono para compreender e eliminar as causas do sofrimento humano. A partir de um longo processo de auto-conhecimento, que foi do extremo da luxúria à auto-mortificação, ele compreendeu que a verdadeira natureza da vida é a impermanência e a principal causa raiz do sofrimento humano é o apego à permanência de todas as coisas.

    Podemos pensar que não era necessário todo esse esforço para compreender algo tão simples quanto essa relação de causa-efeito entre apego e sofrimento. No entanto, os princípios do Caminho do Meio (modelo que desenvolveu para guiar outros indivíduos à iluminação) não são triviais de serem praticados.

    Pois bem, dentre os livros que li sobre esse tema, o Budismo Essencial: A Arte de Viver o Dia-a-Dia (Ed. Axis Mundi, 1995), do sensei Gyomay M. Kubose, foi um daqueles que me encantaram pela combinação entre simplicidade e profundidade. Seu capítulo 28 ficou marcado em minha memória pela forma como tratou uma das práticas centrais do Budismo: viver o aqui e agora com atenção plena. E é com alguns de seus trechos que vou propor minhas reflexões sobre o nosso presente de ano novo.

    O Eterno-Presente

    “O tempo é um prolongamento do presente. O hoje existe apenas hoje e não pode estar no passado nem no futuro. Em outras palavras, este hoje não se repete no eterno futuro. O hoje é singular e nobre; é o único hoje no passado eterno e no eterno futuro. Ele não pode ser repetido. Sua vida presente é a única vida e sua vida hoje não pode ser vivida novamente. Este exato presente não é apenas o presente, mas sim o eterno-presente.”

    Intelectualmente, sabemos que o hoje não pode ser repetido, principalmente num mundo que se torna cada vez mais VUCA e Digital. Mesmo assim, vemos líderes e gestores tentando prolongar o passado no modus operandi de suas empresas, indo contra o princípio da impermanência. Ou seja, são profissionais que buscam o eterno-passado, mantendo as estruturas organizacionais, enrigecendo suas regras de negócios e impedindo qualquer tipo de mudança que possa ameaçar uma cultura que é reflexo do modus operandi da alta gestão.

    Já é sabido que as consequências desse modelo mental no contexto da Nova Economia Digital são: a perda de competitividade, a incapacidade de crescimento e o sofrimento de todas as partes. Porém, o apego ao ego e à permanência daquilo que já foi conquistado, faz com que o gestor seja incapaz de enxergar os grandes desperdicios e as perdas de oportunidades que se apresentam no aqui e agora.

    Por outro lado, alguns gestores já estão buscando na Agilidade de Negócios uma vantagem competitiva para as suas empresas, desenvolvendo novas capacidades organizacionais que encantem seus clientes e viabilizem o crescimento acelerado dos seus negócios. Só que, para responder rapidamente às necessidades dos clientes e adaptar-se continuamente às tendências e mudanças de mercado, é preciso viver o eterno-presente.

    Eis minha pergunta: Você se sente preparado para fazer essa grande mudança na forma como sua empresa é liderada?

    Hoje é a existência mais importante, singular e absoluta. Vivemos somente o hoje, porque o ontem já é passado e o amanhã ainda está por vir. Queremos fazer deste específico e importante hoje um hoje belo, nobre e significativo.”

    É antiga a frase que diz “aquilo que nos trouxe até aqui pode não ser adequado para nos levar adiante”. É como o barco que nos ajuda a atravessar o rio mas que se torna um estorvo na próxima etapa da jornada que ruma para o interior de uma floresta.

    Viver o aqui e agora não é desconsiderar o passado, tampouco ignorar o futuro. Muito do que fizemos no passado está guardado em nossas mentes como lembranças e pode ser acessado sempre que for necessário (enquanto nosso cérebro permitir). Muito do que faremos no futuro está guardado em nossas mentes como ideias que podem ser acessadas sempre que forem necesárias.

    O desenvolvimento da Agilidade de Negócios depende da capacidade de aprender rapidamente com os erros e acertos do passado, mas também focar na entrega de valor do presente e no crescimento que se projeta para o futuro. É por esta razão que agilistas colaboram, refletem e melhoram continuamente seus sistemas organizacionais, tornando o nosso hoje belo, nobre e significativo.

    Pense que você não pode mudar aquilo que fez no passado, nem garantir aquilo que você previu para o futuro. No entanto, pode decidir agora ser um protagonista na vida daqueles que confiaram seus negócios e suas vidas profissionais na sua liderança.

    Afinal, o que você tem feito para tornar esse cenário uma realidade?

    A Salvação do Passado e do Futuro

    “Quando seu presente é significativo, então o seu passado e o seu futuro se tornam significativos. Se você está desanimado agora, seu futuro também é desanimador; se você é grato agora, seu passado também é gratificante. Somente quando a pessoa descobre a si mesma – o que ela é e o propósito pelo qual deseja viver – é que passa a achar a vida muito significativa e a apreciá-la. E então todo o seu passado se torna significativo e gratificante e todo o seu futuro se torna importante, luminoso e pleno de significado.”

    Você já observou que pessoas apegadas ao passado têm grande chance de se tornarem depressivas? E que pessoas apegadas ao futuro tem grande chance de se tornarem ansiosas? Afastar-se do presente causa sofrimento e isso vale também para o mundo empresarial.

    Conectar-se com o mundo é uma das condições necessárias para se ter sucesso na Nova Economia Digital. É por isso que dizemos que Agilidade de Negócios é sobre escalar para fora da empresa, conectando-se a um propósito transformador que impacte positivamente a sociedade.

    Descobrir nosso propósito de vida, alinhar nossos ideais com as crenças e valores da empresa, desenvolver maestria naquilo que escolhemos para a nossa vida profissional e ter autonomia para aplicar toda essa maestria no propósito são elementos que nos motivam a viver como verdadeiros profissionais do conhecimento.

    Muito mais do que querer engajar os colabores com os resultados empresariais e estimulá-los a atingirem suas metas, as novas empresas precisam de líderes visionários que buscam encantar seus clientes e inspirar suas equipes para a realização pessoal. A alta gestão precisa compreender que Agilidade de Negócios é sobre tornar os negócios incríveis, mediante ações no presente que tornam o passado e o futuro gratificantes.

    Você acredita nisso que eu escrevi acima? Se sim, você se considera um líder visionário conectado com o mundo, atuando como agente de mudanças junto a todas as partes interessadas? Qual o impacto que mais líderes com esse perfil poderia causar nos seus negócios?

    “Portanto, sem o presente, não existe o passado nem existe o futuro. O presente não é apenas o prolongamento do passado, nem o futuro apenas o prolongamento do presente. A iluminação ou a salvação do presente é a iluminação do passado e do futuro“.

    Há 10 anos, palestrei sobre o pensamento enxuto na análise e gestão de negócios. Naquela época, eu ainda não havia compreendido o quanto o tema Agilidade de Negócios cresceria em todo o mundo. Mesmo assim, um dos princípios que apresentei naquele evento permanece válido até hoje e o integramos no framework Business Agility Getting Real: o da Descoberta e Entrega Contínua de Valor para o Negócio, ou “Continuous Business Value Discovery and Delivery” em inglês.

    No mundo dos negócios, a salvação do presente consiste em atuar de forma integrada e sincronizada nas perspectivas estratégica, tática e operacional, em cadencias ininterruptas que viabilizem a experimentação e aprendizagem contínuas, em ciclos curtos de retroalimentação.

    Salvar o presente é tomar decisões de forma rápida e efetiva, suportadas por dados e fatos, estimulando a inspeção e adaptação em ciclos curtos de desenvolvimento de produtos e serviços. Estamos na era do “Darwinismo Empresarial” onde quem sobrevive não é o mais forte e sim aquele que melhor se adapta à mudanças.

    Um Convite à Eterna-Mudança

    A menos que você e sua empresa vivam uma realidade estável, imutável e até mesmo inabalável, recomendo que você repense suas crenças e valores sobre gestão e liderança para 2022.

    Recomendo que os líderes de negócios de sua empresa tomem consciência de todos os aspectos que afetam o desempenho organizacional, e mantenham a coerência entre a teoria e a prática, além de garantir consistência na execução. Só que tudo isso começa com humildade para reconhecer as fragilidades e coragem para realizar as mudanças necessárias em todo sistema organizacional.

    Como presente para o Ano Novo, proponho um novo modelo de gestão baseado na eterna-mudança, tanto sua quanto a da sua empresa, tendo como base a atenção correta no aqui e agora e a concentração correta na prática da mudança. Esse é o mindset que esperamos ver nos Agile Business Owners, os verdadeiros catalisadores da Agilidade de Negócios nas organizações.

    Desejo um excepcional 2022 a todos os clientes, parceiros e colaboradores da SURYA e ABO Academy, bem como para aqueles que irão se tornar membros de nosso ecossistema num futuro próximo, com muita saúde e grandes realizações!

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